Ainda assim, o piloto espanhol saiu ileso e pelo próprio pé do meio dos destroços de metal. Milagre? “Quando estava dentro do carro, no ar, às voltas, deu para ver o céu e logo a seguir o chão. E depois o céu outra vez. Mal aterrei, vislumbrei uma abertura junto ao muro e saí depressa, para que a minha mãe, que assistia à corrida pela televisão, percebesse que eu estava bem”, explicou Alonso mais tarde, já depois de ter tido alta do centro médico do circuito, nas redes sociais.
A mesma sorte, chamemos-lhe assim, teve o mexicano Gutiérrez, que também escapou ileso. O mesmo não se passou nos casos trágicos de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger no Grande Prémio de San Marino, em 1994. A Federação Internacional do Automóvel (FIA) tem tentado nos últimos anos apertar as regras de segurança, mas o aparatoso acidente de Alonso veio relançar o debate sobre o uso do halo, uma espécie de proteção para o cockpit que a FIA pretende implementar na próxima época.
Depois dos patrões das equipas terem recuado no novo formato de qualificação e decidirem regressar ao modelo antigo já no Bahrain, a 3 de abril, esta nova questão promete fazer correr muita tinta na Fórmula 1: será que o Halo não dificultaria a saída dos pilotos numa situação de emergência?
Para Jenson Button, colega de equipa de Alonso na McLaren, não: “O risco de sofrer um golpe na cabeça é muito maior do que retardar a saída de um piloto do carro”, defendeu. O problema é que o tema não é consensual, apesar da urgência numa resposta. Sim, este não foi um caso isolado.
Durante os testes de pré-temporada em Barcelona, em fevereiro de 2015, o espanhol esteve quatro dias hospitalizado depois de embater num muro. E três anos antes já havia escapado por pouco a uma colisão com o Lotus de Romain Grosjean. O pior aconteceu em 2014, no Japão, quando se deu o último grande acidente da F1. O francês Jules Bianchi embateu contra uma grua, entrou em coma e acabou por não sobreviver devido às graves lesões cerebrais que sofreu. E se tivesse protegido pelo Halo?