O histórico líder cubano, Fidel de Castro, irmão de Raul Castro que recebeu o presidente norte-americano, Barack Obama, escreveu uma carta aberta ao líder dos EUA, publicada segunda-feira, intitulada: “O irmão Obama”. “Os reis da Espanha trouxeram-nos os conquistadores e donos, cujas impressões digitais ficaram nas faixas de terra entregues aos pesquisadores de ouro nas areias dos rios, uma forma abusiva e sufocante de exploração cujos vestígios se podem ver desde o ar em muitos lugares do país”, começa assim a missiva do líder histórico da revolução cubana, que alerta os cubanos e sobretudo as novas gerações, “Já que me vi obrigado a mencionar o assunto, devo acrescentar, principalmente para os jovens, que poucas pessoas se dão conta da importância da nossa situação neste momento singular da história humana.
Não direi que o tempo perdeu-se, mas não hesito em afirmar que não estamos suficientemente informados, nem vocês nem nós, dos conhecimentos e das consciências que deveríamos ter para enfrentar as realidades que nos desafiam.
A primeira coisa que é preciso levar em conta é que nossas vidas são uma fracção histórica de segundo, que além disso há que compartilhar com as necessidades vitais de todo ser humano. Uma das características deste é a tendência à supervalorização de seu papel, o que contrasta por outro lado com o número extraordinário de pessoas que encarnam os sonhos mais elevados”.
Para depois se referir directamente ao presidente dos EUA a quem critica por, no seu discurso se ter esquecido de alguns aspectos da revolução cubana e do papel do governo de Washington para a liquidar. No texto, Fidel revela que os EUA ajudaram o apartheid sul-africano a obter armas atómicas. Para finalmente contestar a ideia do presidente dos EUA que é preciso esquecer o passado: “Obama pronunciou um discurso em que utiliza as palavras mais doces para expressar: “Já é hora de esquecermos o passado, deixemos o passado, miremos o futuro, miremo-lo juntos, um futuro de esperança. E não vai ser fácil, haverá desafios, e vamos dar tempo a estes; mas minha estada aqui me dá mais esperanças do que podemos fazer juntos como amigos, como família, como vizinhos, juntos”.
Supõe-se que cada um de nós corria o risco de um enfarte ao escutar estas palavras do presidente dos Estados Unidos. Depois de um bloqueio desapiedado que já durou quase 60 anos, e os que morreram nos ataques mercenários a barcos e portos cubanos, um avião comercial repleto de passageiros que explodiram em pleno voo, invasões mercenárias, múltiplos actos de violência e de força?
Que ninguém tenha a ilusão de que o povo deste nobre e abnegado país renunciará à glória e aos direitos, e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura.
Advirto ademais que somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais de que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo. Não necessitamos que o império nos dê nada de presente. Nossos esforços serão pacíficos, porque é nosso o compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivemos neste planeta.”, escreveu Fidel de Castro.