Na comissão de inquérito ao Banif, o antigo ministro socialista começou por recordar que houve uma “excelente cooperação” entre Ministério das Finanças, Banco de Portugal e Conselho de Administração do Banif, entre 2013 e 2014. Mas frisou que “o nível de cooperação entre instituições deixou de ter a mesma consistência”, sobretudo a partir do momento em que o Banif teve perdas com a resolução do BES e não conseguiu pagar a última tranche do empréstimo que recebeu do Estado, na forma de obrigações convertíveis em capital.
Segundo Amado, houve então “hesitação” na renovação do mandato do Conselho de Administração, “num momento em que se anunciava uma investigação aprofundada [da Comissão Europeia] e em que era preciso garantir a coesão indispensável entre todos os atores para lidar com um centro de poder burocrático extremamente agressivo e que tinha um preconceito de raiz face ao Banif”.
Segundo recordou o gestor, chegou a estar marcada uma assembleia-geral em Maio de 2014 para renovar os corpos sociais do Banif, mas a recondução de Jorge Tomé e Luís Amado foi adiada e a administração ficou apenas com um “mandato provisório de 90 dias”.
Segundo uma carta revelada no final do ano passado pelo Jornal de Negócios, a ministra das Finanças Maria Luis Albuquerque tentou mudar a administração do Banif naquele período, mas não foi bem sucedida. A então ministra escreveu à Comissão Europeia sobre o processo Banif em que assumiu que tinha feito diligências para mudar a presidência do banco.
“Apesar de alguns desenvolvimentos positivos, lamento informar que a pessoa que tinha a intenção de nomear para CEO [presidente executivo] do Banif não conseguiu formar a equipa que considerava essencial para gerir o banco e recusou o convite”, referia a carta citada pelo Jornal de Negócios, que não inclui o nome dessa pessoa que foi convidada para substituir Jorge Tomé.