2.O terrorismo matará a liberdade, pelo menos tal como a conhecemos. A esquerda acabará por reconhecer que vivemos num tempo de guerra, se não o fizer perderá a oportunidade de ser poder por muito tempo. Dentro de uma década não existirão distinções ideológicas sobre matérias de segurança, todos seremos mais controlados em nome de um combate ao medo e depois ao medo de ter medo.
3.O Estado Islâmico professa o terror em nome de Deus. A morte dos infiéis é o preço que o ocidente tem de pagar – centenas de anos depois é, por muito que nos custe, um princípio idêntico ao dos cruzados cristãos. No século XI e XII os ocidentais eram verdadeiros bárbaros e os muçulmanos um povo evoluído, culto e genericamente tolerante. O tempo molda de diferentes formas, misteriosos são os desígnios da história. E de Deus.
4.A imagem de Federica Mogherini a chorar, depois, de confrontada com os ataques do Daesh a Bruxelas, deveria ter tido como consequência a sua demissão do cargo de Alta Representante da União Europeia para questões de Segurança. Comovi-me com ela, mas cada lágrima foi fogo de artifício para os terroristas. Não nos podemos dar a esse luxo.
5. O poder faz milagres. O caceteiro e implacável Augusto Santos Silva é agora um equilibrado ministro dos Negócios Estrangeiros. Numa entrevista dada a Vítor Gonçalves colocou os pontos nos lugares certos, soube tranquilizar sem se comprometer e usou de uma extraordinária dose de diplomacia para falar de Donald Trump e do futuro. Fez o que tinha a fazer e eu pus a viola no saco.
6.Carlos Cruz lançou mais um livro. Escreveu que beneficiámos de apoios para a organização do Euro de futebol em troca de dinheiro. Deu exemplos e envolveu José Sócrates e Gilberto Madaíl. Não está em causa a verdade ou mentira da revelação (isso ficará para tribunais ou para a história), está em causa que Cruz foi um dos grandes vencedores de todo o processo. Após a vitória posou para as fotografias e usufruiu da honra de ter liderado a candidatura. Se existiu corrupção, em qualquer uma das suas formas, das três uma. Ou denunciava. Ou batia com a porta sem ruído alegando motivos pessoais. Ou calava-se (como calou) e passava a ser tão culpado como os alegados corruptores.
7.Quinito é um treinador de futebol que chegou a ser escolhido por Pinto da Costa para liderar a equipa do FC. Porto. Era um exemplo de vida, o centro das atenções, falava com o coração, inspirava. Depois da precoce morte do filho, retirou-se do futebol e esta semana falou pela primeira vez do peso que o esmagou. Impossível ficar indiferente – e impossível não notar que a vida de outrora é hoje o peso de uma tristeza que, de um momento para o outro, nos pode transformar a todos em mortos em vida. Mas há sempre redenções e Quinito merece-a. Em nome do amor que tem pelo filho.