A conta em causa – designada pela investigação como ‘Paulistinha’, por ser usada para pagamentos em dinheiro no estado de S. Paulo – era movimentada por uma funcionária da construtora brasileira para pagamento de ‘luvas’ relacionadas com obras em curso.
A construção da barragem começou em 2008 e esteve a cargo de um consórcio formado pela Bento Pedroso (empresa comprada pela Odebrecht e através da qual a construtora opera em Portugal) e pelo Grupo Lena (empresa de que foi administrador Carlos Santos Silva, empresário amigo de José Sócrates e que está no centro da Operação Marquês). Inicialmente orçada em cerca de 450 milhões de euros, a obra ‘derrapou’ para cerca de 700 milhões, segundo informações que vieram recentemente a público. Em fase de testes, será a segunda barragem com maior potencial de produção de energia a seguir à de Alqueva, segundo a EDP.
Em nota à comunicação social, os advogados de José Sócrates vieram entretanto lembrar que a barragem do Baixo Sabor não fez parte do Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico aprovado pelo seu Executivo em 2007 (como afirma O Globo). "A decisão governamental que viabilizou a construção da referida barragem foi tomada durante o Governo do Dr. Durão Barroso", através da "declaração de impacto ambiental de 15 de junho 2004 e despacho conjunto dos ministros do Ambiente e Economia, publicado no Diário da República de 2/10/ 2004".
Além disso, a adjudicação da obra “foi da estrita competência da Edp, sem que nelas o governo de então interviesse a qualquer título”. Por isso, defendem, a ligação do nome do ex-primeiro-ministro a este caso “não tem fundamento” e “só pode ser explicada por razões caluniosas”.