Começou ontem o julgamento de Daniel Neves (atualmente com 18 anos), acusado de matar o amigo Filipe Diogo, de 14, a 11 maio do ano passado.
O jovem confessou ter agredido o amigo, embora tenha afirmado que não o atingiu com “intenção de o matar”. Segundo a agência Lusa, o arguido mostrou arrependimento na primeira sessão do julgamento, algo que não tinha feito durante toda a fase de instrução (em que se decide se o arguido vai ou não a julgamento).
Aliás, ao pronunciar Daniel Neves, o juiz de instrução Bruno Lopes referiu mesmo que o arguido tinha mostrado, segundo as perícias psicológicas requeridas inicialmente pela defesa e levadas a cabo por um especialista externo ao Estabelecimento Prisional de Leiria (onde o jovem se encontra em prisão preventiva desde o início do processo), “traços de psicopata”, por não ter demonstrado durante ou após o crime sinais de culpa ou remorso.
A autópsia tinha confirmado que Filipe Diogo morreu devido a uma pancada na cabeça com um objeto de ferro, ao qual Daniel Neves se referiu ontem em tribunal como um tubo de metal que foi buscar à varanda. Daniel tinha confessado o crime à Polícia Judiciária quando foi detido, mas não depois ao juiz de instrução. No entanto, ontem, em tribunal, Daniel confessou novamente. Disse que se tinha encontrado com a vítima na noite do crime a pedido da mesma, no apartamento onde se costumavam encontrar para consumir drogas. Segundo o relato de ontem, o encontro terminou num confronto físico, com Daniel a desferir golpes no corpo e na cabeça de Filipe Diogo “com a intenção de o ameaçar”. A causa do desentendimento terá sido, segundo o próprio, uma dívida no valor de 360 euros, decorrente de um “negócio” em que os dois estariam envolvidos, conta o Correio da Manhã. O arguido explicou que caso a vítima “não pagasse as dívidas, teria de ser ele a pagar
O jovem garantiu, no Tribunal de Santarém, que saiu do apartamento convencido de que Filipe estava vivo e justifica que voltou ao local para esconder o corpo por se sentir “em pânico”. O corpo de Filipe foi encontrado quatro dias depois do desaparecimento, tendo Daniel chegado a oferecer-se para encontrar o amigo.
O arguido é acusado pelo Ministério Público por homicídio qualificado e profanação de cadáver.