Marcelo Rebelo de Sousa

Passadas três semanas sobre a posse, o novo PR continua em estado de graça e omnipresente no espaço político. Convida surpreendentemente Draghi para falar no Conselho de Estado, prepara visitas a Moçambique e Alemanha, dirige-se ao país sobre a promulgação do Orçamento do Estado, visita cadeias, hospitais, recintos desportivos – está sempre em movimento. E quase sempre com o primeiro-ministro ao lado. Ao qual, em nome da estabilidade governativa do país, tem dado indefetível apoio. Mas deve ter cuidado com uma colagem excessiva, não lhe vá acontecer o mesmo que a Cavaco após os primeiros tempos de enlevo com Sócrates em Belém.

Augusto Santos Silva

Sinal dos tempos, da crise que fez o poder em funções em Angola perder peso económico e influência internacional, da viragem que Obama já pré-anunciou aos chefes de Estado africanos há demasiado tempo no poder ou, apenas, sintoma de maturidade da democracia portuguesa – a tomada de posição do MNE em defesa dos direitos humanos dos 17 ativistas presos e condenados em Luanda foi uma pedrada no charco, a que não estávamos habituados. Só fica bem a Portugal defender os princípios democráticos, o Estado de Direito e a liberdade de oposição pacífica – seja em Angola, na Guiné-Equatorial, na Venezuela ou na Coreia do Norte. O PCP, o PSD e o CDS é que não parecem comungar bem estes princípios – como se viu na AR.

Fernando Santos

Tanto na vitória frente à Bélgica como na derrota do desperdício contra a Bulgária, a Seleção fez duas primeiras partes de excelente nível, com intensa dinâmica de jogo, elevada qualidade coletiva e individual, facilidade a criar ocasiões  de  golo.  Só  a  defesa,  para  lá de Pepe, suscita algumas inquietações. Mas,  a  jogar  assim,  Portugal  pode  ir longe no Euro de França.

Sombra:

Rui Rio

Começa a faltar pachorra para esta espécie de conselheiro Acácio do PSD, sempre a colocar-se como alternativa sem ter depois a coragem de avançar, sempre com um discurso provinciano cheio de vulgaridades sem uma ideia que se distinga, sempre a colocar-se em bicos de pés mas fazendo de conta que não está nada interessado. Mais vale ficar recatado – como diz o próprio. E, se possível, em silêncio.

Crónica originalmente publicada na edição em papel do SOL de 02/04/2016