Quatro jogos em que o favoritismo ficou de fora das quatro linhas e as equipas teoricamente mais fracas adiaram para o segundo confronto, esta semana, a decisão na eliminatória. Surpresa foi a palavra de ordem.
Sim, Munique continua a ser um local de má memória para as equipas portuguesas (12 jogos, dois empates e 10 derrotas), mas desta vez o Benfica conseguiu encontrar uma Luz ao fundo do túnel na capital da Baviera. A derrota pela margem mínima frente ao colosso Bayern deixou o apuramento em aberto e permite à equipa de Rui Vitória sonhar com as meias-finais da Champions.
A estatística dá alento à ambição dos encarnados: em cinco vezes que o resultado foi fixado numa desvantagem de 1-0 fora, na primeira mão de um jogo da prova milionária da UEFA, o Benfica conseguiu qualificar-se em três dessas eliminatórias.
Recuamos até 1971/72, aos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus (anterior formato da Liga dos Campeões). 62 mil pessoas viram na Luz as águias de Jimmy Hagan anularem a desvantagem inicial em Roterdão (1-0) com uma goleada sobre o Feyenoord (5-1). Muito por culpa dos inevitáveis Nené (hat-trick) e Jordão (dois golos) – Eusébio ficou com a folha em branco.
Nas meias-finais, seguiu-se outra equipa holandesa, mas o cenário mudou. Após uma vitória tangencial em Amesterdão, o Ajax de Johan Cruijff conseguiu forçar um nulo em Lisboa (0-0). Na final, os holandeses bateram o Inter de Milão (2-0) e sagraram-se campeões europeus.
A história não acabou aqui. Um ano depois (1972/73), a balança voltou a pender para o lado dos encarnados. Ao deslize na Suécia (1-0), a equipa de Jimmy Hagan respondeu ao Malmoe com dois golos de Eusébio, um de António Simões e outro de Jordão. O 4-1 em casa permitiu às águias seguir para a segunda ronda da competição, onde caíram aos pés do Derby County (3-0).
Por mais duas vezes o Benfica foi obrigado a tentar virar um 1-0 na Taça dos Campeões Europeus. Todas na mesma época: 1983/84. O resultado final é que foi diferente. Se na segunda fase da prova os pupilos de Sven Goran Eriksson conseguiram inverter a eliminatória frente ao Olympiacos, com um 3-0 na Luz (golos de Zoran Filipovic, Diamantino Miranda e Michael Manniche), já nos quartos-de-final não resistiram a uma nova derrota com o Liverpool (4-1), que nesse ano viria a levantar o troféu europeu.
Desta vez, já no atual formato da Champions, as águias de Rui Vitória tentam escrever mais uma página de história na Europa do futebol. O problema é que do outro lado do relvado está o Bayern de Pep Guardiola, mais habituado a estas andanças e confiante na tendência dos últimos anos: 68% das equipas que ganharam em casa na primeira mão 1-0 acabaram por se qualificar, segundo os dados do playmakerstats do site zerozero.
Um escândalo blanco, um susto e um empate milionário
Quatro dias depois de um triunfo categórico na Catalunha (2-1), para a Liga espanhola, o Real Madrid caiu com estrondo na Volkswagen Arena. Um resultado que deixa Cristiano Ronaldo, Pepe e companhia com uma tarefa (quase) impossível nos pés: protagonizar uma remontada histórica em Madrid.
Em 15 ocasiões, apenas duas equipas foram campazes de inverter o cenário na história recente da Liga dos Campeões (1992/93): o Barcelona em 2012/13 (4-0 ao Milan) e o Manchester United na época seguinte (2-0 ao Olympiacos). O Wolfsburgo terá uma palavra a dizer no Bernabéu.
Em risco está também o Barcelona, à semelhança do Paris Saint-Germain. Os catalães estão obrigados a defender em Madrid a vantagem mínima conquistada em Camp Nou, enquanto o campeão francês terá que discutir o acesso à próxima fase em Manchester, num novo duelo milionário, com desvantagem no critério de golos marcados. A jogar em casa, Atlético e City têm a faca e o queijo na mão. O menu está servido. Que role a bola.