João Coutinho / FPG
Lara Vieira e Romeu Gonçalves repetiram os êxitos que conheceram em 2003 ao vencerem, no mesmo dia, o 25º Campeonato Nacional de Mid-Amateur, que a Federação Portuguesa de Golfe organizou no fim de semana passado, no Quinta do Peru Golf & Country Club, em Azeitão.
Há 13 anos, em Praia d’El Rey, conquistaram ambos a Taça da FPG, naquele que foi o único Major de Romeu Gonçalves e o terceiro e último de Lara Vieira… até este Campeonato Nacional de Mid-Amateur BPI.
«Eu lembrei-lhe disso e disse-lhe: cá estamos os dois de novo, Lara», comentou Romeu Gonçalves ao Gabinete de Imprensa da FPG, depois de derrotar José Maria Cazal Ribeiro num emocionante play-off.
João Coutinho / FPG
Outra coincidência foi o facto de ambos terem disputado a prova pela primeira vez e de terem vivido uma estreia auspiciosa.
Lara Vieira, de 31 anos, só poderia ter começado a jogar o torneio desde que os regulamentos foram mudados em 2015 para abranger participantes que completem 30 anos de idade (ou mais) até 31 de dezembro, mas Romeu Gonçalves, de 37 anos, poderia sempre jogar com o regulamento antigo (+35).
«No ano passado não me senti minimamente preparado. Este ano surgiu a oportunidade de ir acompanhado com alguns colegas do clube e tive ainda a companhia do Ricardo Pereira que também foi jogar. Aliás, foi ele quem me motivou a ir, pois também é o campo dele, tem lá casa, o irmão dele fez anos neste fim de semana e eu lá decidi ir, mesmo sem fazer preparação nenhuma. Felizmente, correu bem», explicou o diretor de campo do Oceânico Victoria Golf Course.
Já agora, diga-se, a título de curiosidade, que Ricardo Pereira, o ex-guarda redes da seleção nacional de futebol, pelos vistos, responsável pela decisão de Romeu Gonçalves em participar, desistiu e não jogou os nove últimos buracos da segunda volta, depois de um dia inaugural em 80 pancadas, 8 acima do Par.
Embora este Campeonato Nacional de “jovens veteranos” possa ser considerado um Major, nenhum dos novos campeões permite qualquer comparação com as emoções vividas nos tempos em que faziam parte dos melhores amadores nacionais, mas não deixam de admitir uma natural satisfação.
«Sabe sempre bem ganhar», disse ao site especializado “Golftattoo” a jogadora do Clube de Golfe do Santo da Serra, que de vez em quando mostra que ainda tem muita qualidade de jogo, como quando venceu em 2014 um torneio do Circuito FPG no Club de Golf do Estoril.
«A vitória na Taça FPG em 2003 foi mais importante – respondeu o jogador do Clube de Golfe de Vilamoura ao Gabinete de Imprensa da FPG – porque foram quatro dias, na altura ainda se jogava em stroke play, estavam lá todos os grandes jogadores da altura, até mesmo o Ricardo Santos… é certo que o “field” deste Mid-Amateur foi bastante forte, não quero menosprezar isso, mas aquela Taça FPG estava bastante forte e deu-me outra emoção».
Os dois novos campeões de Mid-Amateur sucederam a Ana Paula Saúde (que estava lesionada num ombro e só jogou a primeira volta em 87, +15) e a Salvador Costa Macedo, o diretor do campo anfitrião do torneio, que terminou num honroso 5º lugar (+12), após duas voltas de 78, empatado com Marco Rios (78+78).
Houve, como se vê, algumas coincidências entre os campeões, mas foram vitórias bem distintas.
Lara Vieira (+11) liderou o tempo todo (79+76), com uma vantagem de 2 pancadas ao cabo de 18 buracos e com 12 a menos no final da prova, sempre perseguida por Maria da Graça Medina (+23), a campeã nacional de Mid-Amateur em 2010 (81+86).
A 3ª classificada (+28) foi Marta Lampreia (83+89), a 17 “shots” da vencedora. Marta Lampreia fora campeã nacional de Mid-Amateur em 2007 e 2011, e nos três anos anteriores terminara sempre como vice-campeã.
João Coutinho / FPG
Contudo, Lara Vieira, advogada madeirense que trabalha em Lisboa, recusou quaisquer facilidades, que poderiam depreender-se do resultado, e assegurou ao “Golftattoo” que nunca sentiu estar totalmente à vontade: «Ontem (primeiro dia) não correu tão bem em termos de jogo. Hoje (segundo dia) joguei melhor, com condições mais adversas. Estava concentrada no meu jogo».
Romeu Gonçalves também jogou melhor no segundo dia, apesar do resultado ter sido o mesmo: «No domingo joguei muito melhor, apesar de estar ainda mais mau tempo, mas concentrei-me bastante. Por outro lado, ia a jogar com o Luís Costa Macedo, que partiu com 4 pancadas de avanço e sabia que tinha de colocar-lhe pressão desde o início. Fui fazendo pares, só fiz 1 birdie todo o dia, mas também só fiz 1 bogey. O jogo fluiu e fiquei contente porque considero que, tirando o duplo-bogey no 18, joguei os primeiros 17 buracos com bastante bom golfe».
Foi uma vitória muito mais complicada do que a de Lara Vieira. Romeu Gonçalves era o 2º classificado aos 18 buracos, após uma volta de 74 pancadas, 2 acima do Par, e perseguia Luís Costa Macedo (o irmão do campeão em título) que arrancou o único resultado abaixo do Par do torneio (70, -2).
O mais novo dos irmãos Costa Macedo, diretor do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor e comentador da SportTV, fez 6 bogeys nos primeiros sets buracos e ficou arredado. Entregou um segundo cartão de 84 (+12) e fechou no 4º posto (+10).
A partir daí, o grande rival de Romeu Gonçalves foi José Maria Cazal Ribeiro. O antigo campeão nacional amador e campeão da Taça FPG (ambos em 2000) realizou a melhor segunda volta do torneio, de 73 (+1), bem positivo, tendo em conta as condições meteorológicas adversas.
Os dois jogadores terminaram empatados os 36 buracos regulamentares com 148 pancadas, 4 acima do Par, tendo Gonçalves assinado dois cartões de 74 (+2) e Cazal Ribeiro voltas de 75 e 73. No dia em que Jordan Spieth perdeu de forma incrível o Masters, Romeu Gonçalves ia quando cometendo um suicídio desportivo com aquele duplo-bogey no último buraco, quando entrou nesse 18 com 2 pancadas de vantagem!
O play-off no buraco 18 também não foi bonito e exigiu muito espírito de sacrifício aos protagonistas, como contou o vencedor: «Saímos os dois bem, para o meio do campo. O buraco 18 estava bastante comprido, com vento contra. Julgo que o Zé Maria jogou um ferro-3 e ficou curto e a bandeira estava escondida atrás, junto ao bunker do lado esquerdo. Eu estava cerca de 10 metros à frente do Zé Maria, arrisquei, quis jogar mesmo para cima da bandeira, a bola saiu-me à esquerda, bateu na encosta, rolou ainda mais e fiquei com um shot bastante difícil no rough alto. Dali fiz uma aproximação que não foi muito boa mas ficou a 15 metros do green. Entretanto, o Zé Maria jogou o terceiro “shot” e passou a bandeira em cerca de 2 metros. Eu fiz 1 chip para ficar aproximadamente a 1 metro. O Zé Maria falhou o putt e ficámos mais ou menos à mesma distância. Eu fui o primeiro a “patar” e enfiei, enquanto ele falhou. Aqueles 3 putts a 2 metros dele deram-me o play-off».
O 3º lugar foi garantido pelo açoriano Paulo Barcelos, com 153 (76+77), +9, portanto, a uma distância de 5 pancadas do play-off.
O torneio voltou a ser um sucesso, provando que valeu a pena a alteração regulamentar do ano passado. O escalão etário de Mid-Amateur passou a abarcar maiores de 30 anos (era +35) e houve um significativo aumento do número de participantes: 94 em 2016 (8 jogadoras e de 86 jogadores), 91 em 2015 (86 na prova masculina e 5 na feminina), 67 em 2014 e 59 em 2013.
*Federação Portuguesa de Golfe