Não sei se ele chegou a Portugal para aqui ficar pouco tempo deixando-se estar mais do que esperava até prender-se de amores pela portuguesa com quem casou, pelo céu de Lisboa que é mesmo azul como os céus pintados nos livros infantis que lia em criança, bem diferentes dos da terra dele, ou simplesmente pela nossa gastronomia, incluindo os nossos vinhos tão aveludados quanto baratos, no poder de compra de quem nasceu a gastar libras.
Não sei, realmente, o que motivou aquele inglês a gostar de estar em Portugal, a adoptar Portugal como país para viver mas sei que isto é positivo, que isto é natural no nosso país e naturalmente aceite pela população portuguesa que deve ter seguramente, no respectivo ADN, a abertura aos outros, mesmo que às vezes pareça o contrário, uma abertura que foi germinando no tempo em que os portugueses emigrados gostariam de ser bem recebidos nos países que os acolhiam.
Penso nisto ao ler os números mais recentes do investimento estrangeiro em imobiliário português a dar conta que em 2014 uma em cada cinco casas vendidas em Portugal foi comprada por estrangeiros, num total de milhares de aquisições imobiliárias. Em Portugal cresce o número de cidadãos comunitários a quem foi concedido o estatuto de residente não habitual (RNH), com isenção de IRS, se reformados, ou taxa de 20%, se no activo.
Não é só de vistos Gold que vive o investimento estrangeiro no imobiliário português, embora este programa seja responsável pela entrada de mais de 1,6 mil milhões de euros na aquisição de imóveis. Esse investimento cresce graças à credibilidade do valor dos nossos activos e à crescente valorização que eles oferecem, também por força – nunca é demais sublinhar de ter evitado a bolha imobiliária que esteve na base da crise do subprime.
Também contará a circunstância de sermos um país relativamente pequeno, cujas cidades, mesmo a maior, são cidades médias em termos de população e de território quando comparadas com as grandes metrópoles do Mundo, o que as torna mais adaptáveis às exigências que a nossa condição humana reclama, numa palavra, mais humanizadas mas sem que percam o que de bom as cidades podem oferecer.
Neste equilíbrio, que também carece do contributo que o imobiliário pode oferecer às populações que serve, pode estar o segredo para fruir a cidadania em segurança e em paz como desejamos e disso tentamos fazer o nosso estilo de vida. Como diz – dizem – aquele inglês que torce por uma equipa portuguesa, Portugal é uma nação, bem bonita e sedutora.
*Presidente da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
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