Uma das milhares de barras de ouro na posse do Banco de Portugal (BdP) é um dos pontos altos da exposição. O BdP tem 393 toneladas de ouro, uma das reservas mais valiosas do mundo, e satisfazer a curiosidade natural do público sobre esse património foi um passo natural para quem esteve à frente do projeto.
O Museu do Dinheiro foi inaugurado esta terça-feira e as portas abriram ao público hoje. O projeto resulta da recuperação da antiga Igreja de São Julião e foi pensado a partir de 2006, quando o BdP decidiu responder a um repto lançado pelo Comissariado para a Reabilitação da Baixa / Chiado, liderado pela então vereadora Maria José Nogueira Pinto. As obras começaram em 2010 e demoraram um pouco mais do que o previsto porque durante os trabalhos de recuperação se descobriu um troço da Muralha de Dom Dinis, que foi também recuperada – também se pode visitar.
No museu propriamente dito, há inúmeros artigos pré-monetários moedas e notas do mundo, instrumentos de fabrico, a história da banca e o papel do dinheiro na vida dos cidadãos. “O Banco de Portugal tem 40 mil peças e estão expostas 1.200”, explica ao SOL Eugénio Gaspar, diretor de serviços de apoio do BdP. O vasto acervo do banco foi sendo construído ao longo das últimas quatro décadas e o museu percorre os mais marcantes. E quanto vale tudo o que está dentro do museu? Eugénio Gaspar aponta para cerca de dois milhões de euros, mas ressalva que muitos objetos têm um valor difícil de calcular. São tão raros que não há um mercado diário que permita quantificar as transações. Depende de quanto um comprador estaria disponível a pagar. Para não correr riscos, um dos principais investimentos foi na segurança. O museu tem um avançado sistema de segurança – é invisível, mas está lá.
E, para tornar a experiência mais marcante, o recurso a tecnologias interativas é constante. Os visitantes podem criar moedas e notas com a sua imagem, ou ver objetos monetários em três dimensões. “Há uma vertente lúdica muito forte”, realça Sara Barriga, coordenadora do museu, salientando que o recurso aos dispositivos multimédia se alarga ao website do museu, através de um bilhete interativo que regista todas as ações do visitante.