Obanco espanhol já é o maior acionista do banco, com 44,1%, e com o fim do limite de votos que a legislação permite que aconteça a partir de 1 de julho, o CaixaBank passará a ter o controlo efetivo do BPI.
Mas há obstáculos de peso que o banco catalão terá de enfrentar. O primeiro é desde logo o preço: os 1,113 euros que oferece por cada acção, além de serem inferiores ao valor da primeira OPA (em 2015 oferecia 1,329 euros), podem ser insuficientes para convencer os outros acionistas a vender.
A Holding Violas Ferreira (HVF), o maior acionista português do BPI, com 2,6% do capital social, já admitiu que ficou surpreendida com o valor da OPA. E Alfredo Rezende de Almeida, accionista fundador do banco, neste momento com menos de 1% do capital, já garantiu que não vende. «Só vende quem quiser, a OPAé facultativa e não obrigatória. Por mim, nem ao preço da anterior OPA venderia”, afirmou ao Expresso.
Angola é o principal obstáculo
Outra contrariedade é Angola. Mais do que a oposição da Santoro de Isabel dos Santos, o CaixaBank vai necessitar da autorização do banco central angolano. Recorde-se que esta foi a única autorização que não chegou a ser dada na OPa de 2015, entre todas os organismos e entidades reguladoras que têm de se pronunciar.
A palavra final do Banco Central Europeu (BCE) também será decisiva. Esta entidade tem repetidamente manifestado a sua preocupação pela exposição excessiva do BPI a Angola. De acordo com os últimos dados divulgados, a exposição total no BFA (controlado em 50,1% pelo BPI) ao Estado angolano e ao Banco Nacional de Angola ascendia a 4,9 mil milhões de euros no início do ano. Dada a dimensão doCaixaBank, o sucesso da OPA poderá ser suficiente para resolver o problema do BPIem Angola. Mas, se por alguma razão, o BCE entender que não, o banco catalão já admitiu vender o Banco de Fomento de Angola. Mas neste caso, a solução para o problema em Angola voltará a depender de Isabel dos Santos, a parceira do BPIem Angola, através da Unitel.