Estabilidade, portanto? Bom… Não é fácil conciliar tanto otimismo do Governo português com previsões tão sombrias de Bruxelas, do FMI ou da OCDE, entre outros. Costa e Centeno mantêm um défice de 2,2% este ano, quando o FMI aponta para 2,9% e Bruxelas acima de 3% – o que representa mais de mil milhões de euros de diferença… e de inevitáveis cortes a fundo na despesa ou em subida do IVA. Não há volta a dar.
Depois vem a ficção. Como o Programa de Estabilidade traça os cenários até 2020, o Governo do PS usa a habitual tática de empurrar com a barriga para a frente. E promete que para o ano é que é: em 2017, o défice cai a pique para 1,4% e em 2020 até será positivo! Só com um verdadeiro milagre ou com os poderes mágicos dos célebres multiplicadores de consumo e crescimento de Centeno seria possível lá chegar. Mas não. A economia, ao que parece e o próprio Governo assume, vai crescer pouco, por volta de 1,5% do PIB, muito longe dos 2% e até 3% que o nosso Dr. Pangloss das Finanças prometia há meses.
Poucos, a começar pela Comissão Europeia, acreditarão na verosimilhança destes números do Programa de Estabilidade.
E o equilibrista-mor António Costa, com um pé assente no arame de Bruxelas e o outro no arame da ‘geringonça’, a afastarem-se progressivamente um do outro, não tardará a ficar sem base de sustentação. Então se verá.