“Oh, nesta mente? Honestamente!…”

O autor desta (des)construção, pintada no novo “jardim” junto ao Convento do Carmo em Lisboa, brinca com uma palavra, partindo-a em pedaços menores e repartindo-a em novas palavras, dando-lhe assim um significado distinto. Com a desconstrução do advérbio “honestamente” constrói a interrogação inicial “oh, nesta mente?”.

E será que é “nesta mente” que tudo se passa? Pelo menos, foi “nesta mente” que surgiu a ideia de desconstruir e reconstruir esta palavra. Tal como, muitas vezes, é na nossa própria mente que criamos bloqueios, barreiras e amarras para não fazermos ou evitarmos algo que sabemos ou que eventualmente julgamos ser-nos adverso. E é também na nossa mente que conseguimos criar e descobrir formas de avançar e enfrentar os medos iniciais e, criativamente, concebermos novas e cada vez melhores soluções para nós, para os outros, para o mundo à nossa volta.

Quantas invenções benéficas para a humanidade não partiram da invenção humana? Apenas aquelas que foram fruto do acaso, mas mesmo essas necessitaram que uma mente lhes vislumbrasse uma aplicação prática. Tal é o caso paradigmático do fogo que, não tendo sido criado pelo homem, foi através deste que passou a ter aplicação prática (por vezes tão prática que gerou a necessidade de uma profissão para apagar os seus excessos…).

É, pois, bem verdade que o mundo existe para além da nossa mente, mesmo que isso, em determinadas ocasiões, não nos pareça como tal. Até mesmo Fernando Pessoa, nas palavras de Alberto Caeiro, acaba por se confrontar com o fato de que “O Universo não é uma ideia minha. / A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.”

Mas, “honestamente!…” Duvidar que há vida para além do que está em nós!… Não é por eu pensar “laranja” que crio a existência de uma laranja, mas se eu pensar “laranja”, plantar uma laranjeira e se a natureza estiver a favor, é muito provável que venha a ter aquilo que criei na minha mente: uma laranja.

Ora, não basta pensar para que algo aconteça, como também não é suficiente dizer para que esse algo venha a suceder, porque entre o ato de pensar, de falar e de fazer há um longo percurso a ser percorrido. Há muito que fazer…