Assunção Cristas

Primeiro, desafiou a esquerda a levar a votos o Programa de Estabilidade do Governo PS. Como a esquerda assobiou para o lado, a líder do CDS, em coerência, apresentou ela própria um projeto de resolução para votar o tão discutido Programa de Estabilidade  (PE). Com isso, toma a iniciativa política e lidera a oposição, face à passividade e apatia partidária em que vive o PSD. Ao mesmo tempo, se chumbarem o projeto ou votarem a favor do PE, o PCP e o BE veem-se forçados a co-responsabilizarem-se por um Programa à moda de Bruxelas, que privilegia o défice e diminui o consumo privado e o crescimento da economia. A líder do CDS marca pontos em todos os tabuleiros.

Teodora Cardoso

O Conselho de Finanças Públicas teve a sensatez e a independência profissional para alertar, contra a hipocrisia e a dissimulação reinantes, que ‘o rei vai nu’ – ou seja, que as metas e previsões do Programa de Estabilidade pecam por excesso de otimismo, por falta de fundamentação e põem claramente em risco as metas e a consolidação orçamental. O PS, que tantos elogios fez à líder do Conselho em anos anteriores, quando este criticava os planos do Governo de Passos, desta vez não gostou. Paciência. Habituem-se, como diria um conhecido socialista.

Sombra:

Mário Centeno

Nunca se vira um ministro das Finanças atacar tão obsessivamente um governador do Banco de Portugal. Para, ainda por cima, no fim, ter que recuar e meter a viola no saco, resignando-se à continuidade do governador no cargo. Por outro lado, apresentou um Programa de Estabilidade em que nem uma parte da esquerda acredita – e que assenta em números já postos em causa pela OCDE, Bruxelas, FMI, etc. A credibilidade deste ministro já conheceu melhores dias.

Jerónimo de Sousa

Com este Programa de Estabilidade (PE) pode bem dizer-se que António Costa colocou o BE e o PCP no bolso. Na prática, este PE é a transposição para Portugal do Tratado Orçamental europeu, de que comunistas e bloquistas dizem cobras e lagartos. Mas que, agora, se veem obrigados a engolir sem protestos. O líder do PCP ainda resmunga… mas acaba por se resignar.