Na origem do crime no quartel de Monte Txota, na ilha de Santiago (Cabo Verde), que resultou na morte de 11 pessoas, estarão maus tratos de que o alegado autor do crime terá sido alvo.
Segundo a Lusa, que cita um primo de Manuel António Silva Ribeiro, também conhecido por Antany Silva, o jovem confessou ter assassinado oito soldados e três civis quando foi a casa, depois do crime, que segundo o jornal cabo-verdiano “A Semana” ocorreu na madrugada de terça-feira.
O militar chegou mesmo a mostrar fotografias dos cadáveres, que tirou com o telemóvel.
Antany, de 23 anos, adiantou ainda que era vítima de maus tratos por parte dos colegas do posto militar e que, por isso, os tinha assassinado.
Relativamente aos civis que também terá matado, o militar explicou ao familiar que estes se deslocaram até ao quartel de carro para fazer manutenção de equipamentos de telecomunicações. Como Antany queria levar o veículo para fugir do local e os dois espanhóis e o cabo-verdiano ofereceram resistência, acabou por também disparar sobre eles.
Estas declarações foram prestadas à Lusa numa esquadra em Palmarejo, onde o suspeito morava com a irmã de 19 anos. Diversos familiares dirigiram-se até lá não só para ajudar a polícia, mas também por questões de segurança.
O padrasto do suspeito referiu ainda que o jovem tinha o sonho de ir morar para os EUA, onde a mãe vive há 16 anos. Albertino Pires explicou que Antany, que se alistou voluntariamente, já tinha toda a documentação necessária para partir e estava apenas à espera de terminar os 14 meses de serviço militar – faltavam dois meses.
O suspeito foi detido esta quarta-feira, ao início da tarde, na zona da Fazenda, quando tentava roubar um táxi para fugir – foi imobilizado por populares. Será presente atribunal entre hoje e amanhã.
O Governo de Ulisses Correia e Silva decretou dois dias de luto nacional, que terminam no final do dia.