José Sousa e Melo, um dos melhores golfistas portugueses de sempre, regressou ao Campeonato Nacional de Seniores, após um hiato de três anos, para conquistá-lo pela segunda vez, enquanto Ana Paula Saúde averbou o seu primeiro título na competição.
O 30º Campeonato Nacional de Seniores, destinado a jogadores com um mínimo de 50 anos, foi organizado pela Federação Portuguesa de Golfe, no Club de Golf de Miramar, em Vila Nova de Gaia, um dos concelhos que tem um protocolo assinado com a FPG para levar o golfe às escolas e as escolas aos clubes de golfe.
Tratou-se de uma vitória esmagadora do Club de Golf do Estoril, que levou os dois troféus para casa, com a curiosidade de José Sousa e Melo ser o presidente do CGE, um dos mais antigos e mais influentes do país.
Foram triunfos sem grande contestação, com os dois campeões nacionais a liderarem a prova aos 18 buracos e a confirmarem essa superioridade aos 36, ganhando ambos por 3 pancadas em relação aos mais diretos perseguidores, com a coincidência dos dois vice-campeões, Benedita e João Nuno Mendes Ribeiro, serem cunhados e estarem a jogar “em casa”.
José Sousa e Melo, que já tinha ganho este torneio em 2007, totalizou 157 pancadas, 17 acima do Par, com voltas de 76 e 81, batendo João Nuno Mendes Ribeiro (82+78). O vice-campeão agregou as mesmas 20 pancadas acima do Par do 3º classificado, Agostinho Pereira da Silva (79+81) e o desempate foi feito pela melhor última volta.
Ana Paula Saúde participou pela primeira vez neste torneio e somou 175 (87+88), +35, superando Benedita Mendes Ribeiro (92+86), a capitã da equipa feminina de Miramar que no ano passado obteve um brilhante 3º lugar no Campeonato da Europa de Clubes femininos.
No escalão de Super Seniores não houve torneio feminino e o masculino foi ganho por Mário Machado, de Miramar, com 188 (93+95), +48. Uma novidade deste ano foi a atribuição de títulos às Segundas e Terceiras Categorias. Uma vez mais, não houve provas femininas e nas masculinas os novos campeões nacionais são João Nuno Mendes Ribeiro (+20) e Mário Casimiro Paiva, do Estela Golf Club, com 168 (85+83), +28.
Ana Paula Saúde recupera de lesão no ombro
Ana Paula Saúde participou pela primeira vez pela simples razão de nos dois anos anteriores não ter havido torneio feminino do Campeonato Nacional de Seniores, por não haver o mínimo exigido pelo regulamento de três participantes. Este ano conseguiu-se esse quórum, com a terceira jogadora a vir do Clube de Golfe de Viseu, Isabel Guedes (95+100).
“É uma pena haver sempre tão poucas jogadoras. Creio que tem a ver com a rotação do torneio se realizar um ano norte e outro no sul e as jogadoras de cada região não se deslocarem à outra. Mas é uma pena porque estes torneios da FPG têm um ambiente especial e mereciam mais”, disse Ana Paula Saúde, que no escalão etário imediatamente anterior (para maiores de 30 anos) foi extremamente bem sucedida, sagrando-se campeã nacional de Mid Amateur por três vezes, a última das quais no ano passado.
Este ano quis defender o título de Mid Amateur, mas estava lesionada no ombro direito. Ainda tentou jogar, mas teve de desistir aos 18 buracos. Agora, embora “ainda não esteja totalmente curada”, as dores já não se fazem sentir tanto e foi possível jogar pela primeira vez os Seniores, com uma estreia auspiciosa, embora admita que “no final da prova tenha complicado as coisas”.
Com efeito, no segundo dia, controlou bem os acontecimentos até ao buraco 12, mas depois fez 1 duplo-bogey no buraco 13, seguido de um quíntuplo-bogey no Par-3 14! Benedita Mendes Ribeiro aproximou-se e, com disse em jeito de brincadeira Ana Paula Saúde, “nessa altura até beneficiou no final da prova de uma caddie de luxo, a Susana Ribeiro”, sua filha e campeã nacional! Valeu a Paula Saúde os bogeys da rival nos três buracos finais, fazendo com que já nem tenha sido importante o duplo-bogey que a campeã sofreu no 18º e último buraco.
“Vim jogar o torneio porque veio um grupo do Estoril e por ser o Campeonato Nacional. Normalmente, não jogaria nestas condições de jogo. Choveu muito no primeiro dia e no segundo, apesar de ter chovido menos, houve muito vento. Mas valeu a pena”, disse Ana Paula Saúde ao Gabinete de Imprensa da FPG, salientando que os sucessos alcançados em Miramar poderão não ter grande repercussão quando chegar a casa: “O Club de Golf do Estoril tem uma grande história, com muitas vitórias. Estas não serão das mais importantes”.
José Sousa e Melo adora Miramar
Exatamente o mesmo sentimento manifestado pelo seu presidente de clube, José Sousa e Melo, que carrega atrás de si um enorme palmarés de campeão nacional absoluto amador em dez ocasiões (1957, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1976, 1978, 1979, 1986), duas vezes campeão nacional de Mid Amateur (2004 e 2005), e agora duplo campeão nacional de seniores (2007 e 2016). Um currículo enorme!
“Para dizer a verdade, hoje em dia já não ligo muito aos títulos. Fui jogar o torneio porque houve um grupo de sete amigos do Estoril com vontade de participar e eu queria mostrar-lhes Miramar, um campo que é uma joia de golfe que temos em Portugal. Provavelmente, se o torneio não tivesse sido em Miramar, eu não teria ido”, assegurou José Sousa e Melo, que não competia neste torneio desde que foi vice-campeão de seniores em 2013, no Ribagolfe-II.
“É uma pena não haver mais gente a participar neste torneio (foram 39 na prova masculina) porque há tantos seniores a jogar no país, basta ver o que se passa na associação dos seniores. Nem posso dizer que seja por falta de divulgação porque até se falou do torneio, mas merecia mais”, lamentou-se.
Sobre a sua exibição, explica que sentia-se em forma, depois de, duas semanas antes, ter sido “11º classificado no Campeonato Internacional de Seniores do Estoril, entre 102 jogadores, com voltas de 74, 77 e 74”. Admite que as condições meteorológicas dificultaram-lhe a tarefa, devido a “ter chovido bastante, mas, sobretudo, ao vento complicado, de sul, ao contrário do que é habitual naquela zona. Basta dizer que determinados Par-3 curtos que se jogam de ferro 7 passaram a Par-3 compridos a exigir saídas de madeiras”. Por isso, quando se viu a comandar por 3 aos 18 buracos, procurou, principalmente “gerir essa vantagem no segundo dia”.
José Sousa e Melo tem-se investido pessoalmente este ano na época de Tomás Silva, o antigo triplo campeão nacional amador, que este ano não conseguiu revalidar o título mas, mesmo assim, sagrou-se vice-campeão nacional absoluto amador. Tomás Silva abraçou um projeto competitivo do clube, complementar ao de que beneficia por ser membro das seleções nacionais da FPG, e José Sousa e Melo tem surgido em alguns torneios como mentor e até mesmo como caddie. Terá esse regresso ao principal circuito da FPG reavivado memórias em José Sousa e Melo, fazendo com que renovasse a sua vontade em competir de novo em torneios federativos?
“Não tem nada uma coisa a ver com a outra – garante – e o que faço com o Tomás e os outros jogadores é meramente para ajudar o trabalho que já é feito pelo profissional do nosso clube, o Miguel Nunes Pedro. Estou a tentar puxar os nossos jogadores para cima e para isso preciso de estar com eles em alguns torneios. Posso dizer que após alguns meses a observá-los em competição, já percebi o que está a passar-se com os nossos jogadores e o que poderá estar a faltar para que possam melhorar”.
Fotografia: Ana Paula Saúde e José Sousa e Melo (João Coutinho/FPG)