A Avenida Croisette é, por estes dias, a artéria mais mediática do globo. Até 22 de maio nela irão desfilar personalidades como Steven Spielberg, Woody Allen, Almodóvar, Kristen Stewart, George Clooney, Julia Roberts ou Jodie Foster.
Uma tamanha constelação de estrelas obriga a medidas de segurança especiais e, com os ataques de Paris e Bruxelas na memória, a administração da cidade operou uma simulação realista de um atentando, em que elementos terroristas ocupavam as escadarias que conduzem ao Palácio dos Festivais, chegando mesmo a ensaiar-se uma troca de tiros com a polícia.
Apesar da encenação, o ideal é que as medidas de segurança não se notem, adiantou um responsável pelo dispositivo de segurança.
O regresso de Jodie, a estreia de Julia
No que ao cinema diz respeito, Woody Allen teve honras de abertura, com o filme Café Society, sobre a Hollywood dos anos 30. Já Spielberg apresentará O Amigo Gigante, sobre um monstro que se recusa a comer criancinhas, que chega a Portugal em julho.
Entre os ‘pesos-pesados’, teremos também Almodóvar e Sean Penn, que regressa a Cannes no papel de realizador de The Last Face, nove anos depois de aqui ter apresentado O Lado Selvagem.
São ainda aguardados o irreverente Jim Jarmusch, realizador de Paterson, e Paul Verhoeven, que fará desfilar Isabelle Hupert, já por duas vezes vencedora do prémio de interpretação feminina de Cannes, num filme duro em que a sua personagem sobrevive a uma violação, mas decide depois conhecer o seu atacante.
Um dos regressos mais notados, porém, foi o de Jodie Foster, que se estreou em Cannes com Taxi Driver em 1976, quando tinha apenas doze anos, agora na qualidade de realizadora de Money Monster.
O filme conta com George Clooney, um habitué nestas andanças, e com Julia Roberts, que se estreia no festival francês. A ‘pretty woman’ agradeceu a oportunidade de poder estrear-se «neste lugar muito louco e nesta celebração do cinema». Clooney, por sua vez, traçou um paralelismo entre a sua vida e a da sua personagem, o apresentador de um programa sensacionalista de economia.
À margem da passadeira vermelha, centenas de mirones e colecionadores de autógrafos são capazes de esperar horas para ver as suas estrelas favoritas. E recorrem a truques imaginativos para captar a melhor imagem, como usar cadeados para prender às barreiras os escadotes em cima dos quais irão fotografar atores e realizadores.
Alguns confirmam-nos, com um sorriso, que frequentam o festival há dezenas de anos, havendo mesmo, entre estes anónimos, verdadeiras ‘celebridades’ com direito a entrevista para a cadeia TF1.
O júri será presidido pelo australiano George Miller, realizador de Mad Max – Estrada da Fúria, que terá por companhia Kirsten Dunst, o dinamarquês Mads Mikkelsen, a italiana Valeria Golino, Donald Sutherland e Vanessa Paradis. A eles competirá a tarefa de eleger o filme para a Palma de Ouro.
Portugueses em Cannes
Uma vez mais, é no formato das curtas-metragens que os jovens cineastas portugueses dão nas vistas. Há duas presenças nacionais na 55.ª Semana da Crítica, um evento paralelo ao festival: Ascensão, de Pedro Peralta, e Campo de Víboras, de Cristèle Alves Meira (ambos recentemente exibidos no IndieLisboa).
Onde dormem as estrelas?
Uma pequena busca pelos jornais diários locais revela que no Barrière Majestic, o hotel mais próximo do Cinema Lumière, está alojado o presidente do júri, George Miller, e a sua equipa.
Esse foi também o local eleito por Jane Birkin, Jessica Chastain, Vincent Lindon ou Vanessa Paradis. Já Julianne Moore, Susan Sarandon, Blake Livey, Doutzen Kroes, Eva Longoria e Naomi Watts optaram pelo mais luxuoso Grand Hyat Martinez.
Outras vedetas, como os boys da banda One Direction e Justin Timberlake, preferem o Carlton. George Clooney e a sua mulher Amal Alamuddin ficam longe do bulício de Cannes, no reservado Hotel Du Cap-Eden Roc.