Na primeira parte houve de tudo um pouco: um golo, um suposto penálti por marcar e o treinador do Liverpool, Jürgen Klopp a correr que nem um louco, ao estilo do atleta jamaicano Usain Bolt, para os balneários assim que os primeiros 45 minutos terminaram. Se ver o técnico alemão a gesticular do banco dos reds já era algo habitual desde que chegou este ano a Inglaterra (e na Alemanha também, claro), o que se passou em campo também não passou despercebido. A bola começou a rolar e , tal como disse a BBC Sports, “não tivemos nada”.
Não era para menos, com dois emblemas a nunca se terem defrontado em competições da UEFA, era expectável que a energia que vinha dos dois treinadores não fosse logo ter aos 22 jogadores em campo. O Liverpool assustou logo aos 11’, mas o defesa lateral Nathaniel Clyne viu o seu cruzamento chegar aos pés de Daniel Carriço, dando por terminado o perigo. O português, que somou hoje o 100.o com a camisola sevilhana ao peito, voltou a ser protagonista:o árbitro Jonan Erkisson deixou passar uma mãozinha do português quando disputava o lance com Firmino dois minutos depois.
Os reds lançavam demasiadas bolas longas e concediam demasiados livres (Milner e Lallana devem ter ficado com as orelhas quentes, bastava olhar para um Klopp muito enervado para perceber), e os espanhóis foram aproveitando, com o médio Ever Banega a dar alguma qualidade ao jogo. Foi preciso chegar aos 24’ para o Liverpool se libertar: na cara do guardião David Soria, Sturridge surgiu isolado, mas deixou o espanhol realizar uma mancha perfeita.
O Sevilha teve de ir buscar o homem que já marca há quatro jogos consecutivos na Liga Europa para tentar uma chance de golo: Kevin Gameiro, de pontapé de bicicleta, rematou ao lado aos 32’. Só que do nada, tudo mudou passados: Danie lSturridge concretiza de trivela. Desde 2001 que um inglês não marcava nesta competição (Robbie Fowler). A equipa deAnfield subiu, agigantou-se, mas não conseguiu fazer o segundo.Intervalo, e lá foi Klopp a correr para o balneário.
Muito Gameiro para os Reds Mas quem regressou cheio de energia foi o Sevilha.Bastaram 18 segundos após o árbitro sueco ter dado início aos segundos 45 minutos, para Kevin Gameiro fazer o golo mais rápido de uma segunda parte de qualquer final europeia. Ele, um rapaz francês que nem sequer foi convocado para o Euro’16, e que está a fazer a sua melhor época: 29 golos em 51 jogos. Não queria que a sua equipa deixasse fugir a tão desejada“segunda mulher” europeia para os lados ingleses.
Estava o caldo entornado para o emblema das terras de sua majestade, e o jogo a descair a favor dos nuestros hermanos. Aos 59’ Gameiro ameaçou mas foi travado por Mignolet. Ora se não vai com um francês, será com um espanhol: Coke aos 63’ gostou tanto de se estrear a marcar esta época nesta prova, que voltou a tomar o gosto ao pé sete minutos depois (num lance onde o Liverpool reclama um alegado fora-de-jogo).Estava feita a reviravolta. E até ao final os jogadores do conjunto espanhol pareciam mesmo estar a dançar, ao jeito de uma boa sevilhana. É que a equipa de Anfield nunca mais se encontrou. Nem os adeptos ingleses nas bancadas a cantar o “We Will Never Walk Alone”, fizeram com que o rumo da partida fosse outro.
Os dos países aqui representados disputaram vinte e uma finais europeias entre si. O saldo? Treze títulos para Espanha, oito para Inglaterra. O homem a quem todos habituaram a acompanhar pelo seu estilo irreverente e único, leia-se, Klopp, é que continuará a ser o senhor da medalha de prata (perdeu a Liga dos Campeões em 202, e a Taça da Alemanha em 2014 e 2015, e a Taça da liga inglesa este ano contra o Manchester City), e a não conseguir inverter o favoritismo espanhol.Talvez o alemão tenha de arranjar também “uma segunda mulher”. Mas por aqui, esta já tem um par longo e duradouro que irá com o Sevilha (também) até à Liga dos Campeões do próximo ano.