Estes são números avançados pelo Diário de Notícias, que cita dados provisórios do Ministério da Saúde.
Estas operações são feitas através de vales-cirurgia, dados aos doentes após estarem seis meses à espera. Só no ano passado emitiram-se mais de 111 mil vales para que fossem feitas 20 282 operações, o que resultou num custo de 36 milhões de euros para o Estado. No final de 2015, estavam inscritos para cirurgia cerca de 194 mil doentes (mais dez mil do que no ano anterior) e 5972 estavam pendentes – casos que ainda estão a ser avaliados.
Uma situação que, para Moisés Ferreira, deputado do Bloco de Esquerda, pode ser justificada pela saída de especialistas dos hospitais públicos, o que faz com que estes estabelecimentos fiquem sem capacidade para operar tantos doentes. "Acreditamos que se pode estabelecer uma relação com a saída dos profissionais mais diferenciados e a redução de serviços. Podem estar a deixar o SNS com menos capacidade e a enviar mais doentes para o privado. Não compreendemos que aconteça, porque o SNS tem capacidade instalada e é preciso aproveitá-la. É incompreensível que hospitais de fim de linha enviem imensos doentes para o privado", explicou o deputado ao DN.
O hospital que mais gastou com o envio de doentes para o setor privado é o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC): 4,6 milhões de euros. No CHUC, foram realizadas fora do estabelecimento 2560 cirurgias, tendo, no final de 2015, 14 mil inscritos e 237 doentes pendentes. O Centro Hospitalar do Algarve, por sua vez, emitiu mais de oito mil vales e 3118 pessoas foram operadas noutros hospitais – o custo foi de 3,5 milhões euros.
O Centro Hospitalar do Porto aumentou significativamente o número de operações realizadas fora do hospital: em 2014, foram 61 e no ano passado, 570. “Tínhamos 2500 pessoas em lista de espera para ortopedia. Tentámos limpar a lista. As cirurgias menos diferenciadas foram enviadas para outras unidades e algumas, possíveis de fazer no nosso hospital com médicos de outras especialidades, foram realizadas”, explicou o presidente, Sollari Allegro.
Já o Centro Hospitalar Lisboa Norte reduziu o número de cirurgias realizadas fora do hospital através de vales-cirurgia (fizeram 862 operações). “"Apenas 3,1% dos doentes inscritos são operados fora do CHLN”, afirmou o presidente Carlos Martins.