«Deu-me gozo ter ganho finalmente um (torneio) este ano… andava farto de ser sempre 2º ou 3º», desabafou, com um sorriso, o campeão da Taça FPG/BPI de 2015, que, efetivamente, em 2016 tinha sido 2º em dois torneios do Circuito FPG, no Penina e na Estela, e ainda 3º no Campeonato Nacional Absoluto Peugeot, no Oporto.
A vitória foi ainda mais saborosa por se tratar de um primeiro título na histórica e prestigiada Taça Kendall, no Oporto Golf Club, onde os gémeos Girão militam.
«Deu-me muito gozo, ainda por cima com o play-off que foi e por ser em Espinho, em casa, com os sócios todos a ver. Nunca tinha ganho esta prova, é especial por ser um torneio do clube. Não jogo muitos torneios do clube. Este ano joguei por contar para o ranking. Costumo jogar o campeonato do clube, mas de resto são poucos os que jogo porque moro em Lisboa», explicou ao Gabinete de Imprensa da FPG.
Quando João Girão frisa «o play-off que foi» está a referir-se à qualidade de jogo, tanto sua como do seu adversário, Tomás Bessa, do Club de Golf de Miramar.
«No buraco 18 demos ambos um bom shot para o meio; eu falhei o green à esquerda e ele acertou o green; ele estava a patar para eagle e eu estava a chipar para eagle; eu meti o chip, ele tinha um putt comprido, por acaso fez um bom putt porque a bola quase entrava. Foi um bom final e deu para corrigir o duplo que tinha feito na volta regulamentar», narrou o vencedor.
Sim, é verdade, João Girão poderia ter vencido logo aos 36 buracos, não fosse o duplo-bogey sofrido exatamente nesse derradeiro buraco. Mesmo assim, assinou o melhor cartão dos dois dias de prova entre os 41 participantes, em 67 pancadas, 4 abaixo do Par.
As «condições de jogo no Oporto estavam estranhamente fáceis, com pouco vento, um dia quente, e os greens não estavam tão rápidos como no Campeonato Nacional mas competitivos». Esta volta de 67 provou que não fora por acaso que no Campeonato Nacional chegou a liderar aos 18 buracos com outra volta de 69.
Mas apesar do bom “score” de 67, João Girão pensou nessa altura que estava tudo perdido: «Parti para a segunda volta a 5 pancadas do líder e não estava à espera que o meu resultado me permitisse apanhar as três pessoas que estavam à minha frente, até porque acabei com um duplo-bogey no 18 e as esperanças acabaram um bocado para mim».
Simplesmente, Vasco Alves e o “americano” Tiago Rodrigues, ambos também atletas do Oporto Golf Club, que fizeram 68 (-3) no primeiro dia para partilhar a liderança, fecharam a segunda volta em 78 e 76, respetivamente, enquanto Tomás Bessa terminou com 3 bogeys nos três últimos buracos para um resultado de 71 que o levou ao tal play-off.
Tomás Bessa vinha de uma vitória no 3º Torneio do Circuito FPG em Praia d’El Rey e mostrou, uma vez mais, que está motivado e a atravessar um bom momento de forma.
Desde o início da época, só Tomás Silva conseguiu vencer dois torneios pontuáveis para o Ranking Nacional BPI, no Penina e na Lisbon Cup. De resto, Afonso Girão triunfou na Estela, Pedro Lencart no Campeonato Nacional Absoluto Peugeot e agora João Girão na Taça Kendall.
Uma clara partilha de poder no golfe nacional masculino amador, o que só pode gerar rivalidades mais aliciantes e numa subida do nível médio.
«Isso é bom, é ótimo – analisa João Girão – e a meu ver, quanto mais competitivo, melhor. Acho que este ano ainda não houve ninguém a ganhar dois torneios seguidos e gosto dessa competitividade».
O novo campeão do torneio fundado em 1927 concorda plenamente com a decisão da FPG de atribuir pontos este ano a algumas competições tradicionais de clubes históricos: «Precisamos de mais torneios em Portugal e quantos mais melhor. Claro que Vidago será difícil para os jogadores do Algarve, é longe, mas eu gosto desta decisão».
Depois da Lisbon Cup e da Taça Kendall, o próximo torneio tradicional de clubes históricos a contar para o Ranking Nacional BPI será a Taça R.S. Yeatman, no Club de Golf de Miramar, em Vila Nova de Gaia, a 2 e 3 de julho. Está ainda incluída neste grupo de elite a Taça Mendes de Almeida no Vidago Palace Golf Course, a 10 e 11 de setembro.