Trump é recordista, mas votos dão vantagem a Hillary

Nunca um republicano teve tantos votos em primárias. Mas Hillary até no Texas somou mais.

Com os candidatos formalizados, as agulhas viram-se agora das batalhas internas para o duelo presidencial de 8 de novembro. Apesar das diferenças, a missão dos presidenciáveis continua a ser a mesma: conseguir garantir apoio popular ao longo de um país marcado por inúmeras correntes ideológicas, culturais e demográficas.

Tal como nas primárias, a eleição presidencial consiste na soma de 51 votações – uma por cada estado mais o Distrito de Columbia, da capital Washington. Cada uma delas tem um peso diferente, consoante a população, que se traduz no numero de eleitos para o Colégio Eleitoral – que formalmente é quem elege o Presidente. A vitória num estado garante ao candidato todos os ‘grandes eleitores’ desse estado que, juntamente com os eleitos dos outros estados, formarão o Colégio Eleitoral.

A gigante Califórnia, por exemplo, é a que vale mais, com 55 eleitos, enquanto estados pequenos como Alasca, Montana e cinco outros valem apenas três (o mínimo). Além disso, se na Florida é essencial seduzir o voto cubano, em estados como o Utah é vital não tropeçar em qualquer consideração de teor religioso.

Tudo particularidades que tornam difícil a tarefa de prever o resultado final. As poucas sondagens que existem mostram os rivais a pouca distância um do outro, normalmente com Hillary na frente. Mas como lembrou em recente entrevista ao SOL o especialista em sondagens Rui Oliveira e Costa, as empresas norte-americanas tendem a “nem gastar dinheiro nisso, pois é necessária uma amostra monstra”.

Hillary vence duelo primário

E o mais parecido que existe com essa amostra são os resultados registados durante as primárias, onde Clinton e Trump se sujeitaram à avaliação dos diferentes eleitorados. Nos 42 estados onde ambos os partidos optaram pelo voto em urna – e não nas assembleias populares que não se traduzem em votos, conhecidas por cáucasos -, é a democrata que leva vantagem.

No frente a frente entre os votos somados pelos dois nessas votações mostra Hillary vencedora em 25 estados, com Trump a somar 17 vitórias. Um resultado ainda mais expressivo quando contabilizado em ‘grandes eleitores’: 365 para Hillary, 124 para Trump – as chaves da Casa Branca são entregues a quem garantir 270.

Números surpreendentes, tendo em conta que, contra todas as previsões, Donald Trump se tornou o recordista da história das primárias republicanas, somando 13,4 milhões de votos em todo o país – o anterior máximo pertencia a George W. Bush, que em 2000 passou pela primeira vez a barreira dos 12 milhões.

Mas esta leitura pode tornar-se enganosa na medida em que não traduz fatores como o número de candidatos (Trump começou com mais rivais e por isso maior divisão de votos) ou a mobilização do eleitorado (a corrida republicana ficou decidida mais cedo), também traz boas notícias para Trump.

Apesar de derrotas surpreendentes como a do Texas – estado onde será muito difícil Hillary voltar a ter mais votos que o republicano -, Trump cumpriu aquela que é a única regra inquebrável da história presidencial do partido: nunca um republicano chegou à Casa Branca sem garantir os 18 ‘grandes eleitores’ do Ohio. E nesse estado decisivo, que Obama venceu em 2008 e 2012, o magnata somou mais 50 mil votos do que a antiga primeira-dama.