A Áustria e a Hungria fizeram parte do mesmo império até 1918, altura em que terminou a primeira Guerra Mundial. Nesses tempos seria expectável que austríacos e húngaros se dessem sem qualquer problema mas esta terça-feira, no primeiro jogo do Grupo F do Euro'16, as duas seleções defrontaram-se: vitória para a Hungria por 2-0. Mas o destaque desta partida vai para um único jogador, o guarda-redes húngaro, Gábor Király – ou "Pijama Man", por usar calças em vez de calções – que se tornou o jogador mais velho de sempre num campeonato europeu de futebol: 40 anos, dois meses e 15 dias. Não que tenha feito uma exibição do outro mundo, mas sim porque o seu país é agora líder do grupo e a festa de celebração húngara presume-se que seja feita até altas horas da madrugada (com ou sem almofadas, isso fica ao critério dos adeptos).
Os dois países só se defrontaram uma única vez numa fase final, foi no Mundial de 1934, e o resultado sorriu aos homens de leste – 2-1 para a Hungria rumo às meias-finais. No entanto, ao 138.º duelo entre as duas seleções, os austríacos, que não perderam um único jogo de qualificação e que marcaram presença pela primeira vez num Euro (porque me 2008 foram co-organizadores), entraram dominadores do jogo e queriam destruir o favoritismo histórico do seu adversário – 66 vitórias dos húngaros contra 40 triunfos dos austríacos. 67 agora, leia-se.
Logo no primeiro minuto, Alaba, a estrela da companhia, rematou ao poste de Király. Mais bola e mais domínio obrigaram a Hungria, com um total de 23 selecionados estreantes em fases finais, a fazer algo mais do que ser mero espectador, só que o cabeceamento fraco de Szalai acabou desenquadrado com a baliza aos 35'. Um minuto depois Király puxava da sua experiência e negava o primeiro golo a Zlatko Junuzovic. A Hungria só ganhou em duas coisas: foi na posse de bola com 52% e nos remates (6), apenas mais um que a Aústria. Partida equilibrada, tal como o resultado. Não há razões para festejar, a história partilhada parecia pesar nos ombros destes jogadores.
Foi preciso voltar do intervalo e esperar pelos 55' para ver um remate húngaro. Veio dos pés de Balázs Dzsudzsák diretamente para as mãos de Robert Almer. E se não foi de Balázs, foi de Ádám Szalai que surgiu o primeiro golo aos 62'. Jogada rápida entre o avançado do Castilla e Kleinheisler – o segundio jogador a assistir par golo, o primeiro foi Flórián Albert no euro de 1964.
Alaba bem ia tentando e Aleksandar Dragovic, talvez irritado pela ineficácia do jogador do Bayern de Munique, foi expulso aos 66' depois de uma entrada feia. O jogo virou quase por completo, com a Hungria a procurar reforçar a vantagem. Foi o que aconteceu aos 87' com um chapéu de Zoltán Stieber, isolado na cara de Almer. 2-0, claro está.
Três pontos para a Hungria, mais um jogo para o veterano Király e, quem sabe, pijama party húngara em França. Segue-se um Portugal-Islândia às 20h00 (hora portuguesa).