Numa emissão de Bilhetes do Tesouro a três meses, Portugal emitiu 245 milhões de euros e pagou uma taxa de 0,075%, o valor mais elevado desde novembro de 2014. Numa emissão de Bilhetes do Tesouro a 11 meses, foram emitidos 755 milhões de euros e a taxa foi de 0,146%, a mais alta em 11 meses.
“Esta subida de taxas reflete a distinção que está a ser feita entre os chamados “safe heavens”, que é a dívida teoricamente “sem risco” – como a dívida alemã e dos países nórdicos – e os países periféricos, como Portugal, Itália, Grécia e Espanha, cujas taxas não têm descido e a diferença de taxas (o spread) face a esses países têm vindo a alargar. Acreditamos que esta distinção pode estar relacionada com o Brexit e os efeitos que terá uma saída do reino Unido da UE”, explica Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa.
No caso específico de Portugal, o responsável admite que a capitalização da CGD e a fragilidade da banca e o comportamento do BCP em bolsa podem também estar a aumentar a percepção de risco do país.
“Em todo o caso, esta subida não é muito acentuada e as taxas de endividamento português continuam historicamente baixas. A dívida portuguesa continua a ser uma alternativa para os investidores que procuram algum retorno, uma vez que nos países com menos risco as taxas de curto prazo estão negativas, daí a boa procura para a dívida portuguesa”, refere Filipe Silva.