Marcelo Rebelo de Sousa
Nunca um Presidente da República foi tão apreciado pelos portugueses nas sondagens. Com uma energia inesgotável, transforma as suas inúmeras intervenções e presenças numa festa de afetos, alegria e informalidade. Ao fim de três meses, alargou visivelmente o espaço político e a margem de manobra presidencial. Recuperou e inovou as comemorações do 10 de junho. E assinalou, de forma inteligente e institucionalmente eficaz, os avisos ao Governo e à maioria de esquerda sobre as 35 horas, as ‘barrigas de aluguer’ ou as avaliações dos professores. Eis um político que já moldou a Presidência à sua imagem.
Francisco Assis
Foi ao 21.º Congresso dar um exemplo de coerência e coragem política. E também de liderança. Manteve as mesmas críticas de há seis meses à aliança com partidos ‘radicalmente antieuropeus’ como o BE e o PCP, que colocam o Governo do PS numa ‘liberdade muito condicionada’. Afirmou o direito à crítica e à diferença que não significa dissidência. Num pavilhão maioritariamente hostil, ouviu variados apupos, mas acabou o discurso sob aplausos. E com o reforço evidente do seu papel de alternativa a prazo no futuro próximo do PS.
Ricardo Quaresma
Arrancou uma exibição deslumbrante – no talento, nos golos, nas assistências, nos rasgos de inspiração – na goleada contra a Estónia. Que fez disparar as expectativas dos portugueses sobre uma vitória no Euro (onde Portugal só aparece na segunda linha de favoritos, atrás da Alemanha, França e Espanha). A sua técnica explosiva e a sua classe levaram-no à equipa principal do Sporting aos 17 anos. Brilhou depois intensamente no FC Porto e no Besiktas, numa carreira com altos e baixos. Se mantiver este fantástico momento de forma no Euro, as chances de Portugal sobem muito.
& Sombra
Paulo Portas
São, no mínimo, discutíveis a compatibilidade ética e a transparência política de saltar num ápice de um lugar no topo do Governo para um cargo de relevo numa construtora privada como a Mota-Engil. Quando, ainda por cima, andou a promover no estrangeiro, como governante, os negócios dessa empresa, entre outras. É aí que está o busílis. Arrisca-se a ficar com a mesma condição de Jorge Coelho: a de um político meramente decorativo.