A pergunta é feita por Maria Luís Albuquerque num artigo de opinião que hoje assina no Jornal de Negócios sobre a Caixa Geral de Negócios (CGD) e a anunciada injeção de capital, que pode ir até cinco mil milhões de euros segundo as últimas informações. “Por cá e em Bruxelas comenta-se que o Governo tenciona integrar o Novo Banco na CGD. E há rumores de que uma recusa de Bruxelas poderia fazer cair o Executivo. (…) Seria comprado? A que preço? Seria nacionalizado? Com ou sem indemnização”, questiona a vice-presidente do PSD, acrescentando que essas questões têm de ser respondidas pelo Governo e justificam uma comissão parlamentar de inquérito.
Aos que questionam como pode o PSD, que liderou o Governo até há seis meses, dizer que desconhece o que se passou na CGD e por que precisa de uma injeção de dinheiro tão elevada, a ex-ministra das Finanças responde: “É precisamente por o PSD não desconhecer o que se passava até ao final de 2015 que queremos saber por que é pedido aos portugueses um esforço tão significativo para a recapitalização do banco público”.
A CGD vai perdoar o crédito malparado?
A deputada e vice-presidente do PSD questiona, por outro lado como será feita a limpeza do crédito malparado e das ativos sobrevalorizados na CGD: “Vão os contribuintes pagar para que grandes devedores possam pagar as dívidas junto dos outros bancos? (…) [Os devedores] são grandes empresas e empresários que muito ganharam no passado com a proximidade ao poder político.”
“Não sabemos a verdade sobre este dossiê ‘interação’ [com o Novo Banco], mas normalmente não há fumo sem fogo”, salienta Maria Luís Albuquerque, alertando que uma eventual junção do antigo BES à CGD significaria “fazer recair o custo da resolução sobre os contribuintes”, além de que os dois bancos juntos “ficariam com uma posição de mercado excessiva”.
Sobre os perigos que têm sido apontados à comissão de inquérito, de expor na praça pública os negócios e a credibilidade da CGD, e numa altura em que se negoceia com Bruxelas a recapitalização, Maria Luís Albuquerque lembra que o banco não está cotado em bolsa nem tem capitais privados, terminando a dizer que não percebe “como é que a especulação e a falta de transparência podem contribuir mais para a solidez e reputação de um banco do que o seu escrutínio sério e democrático”.