O Portugal-Hungria, com a alucinante alternância de golos que deu o final 3-3, foi seguramente um turbilhão de emoções para os adeptos portugueses e húngaros que seguiram o jogo. E, para a maioria dos apaixonados pelo futebol que acompanham este Euro-2016, cotou-se, provavelmente, como o mais entusiasmante de todos os 36 jogos desta fase de grupos.
Mas há duas notas negativas que resultam deste jogo. Portugal não conseguiu vencer nenhum dos três desafios de um grupo com adversários claramente acessíveis – o que parece confirmar que a Seleção portuguesa, em regra, se transcende exibicionalmente a defrontar adversários mais poderosos (como a Inglaterra ou a Holanda) e facilita em excesso frente a opositores teoricamente mais fracos (como a Islândia ou a Hungria). Portugal acaba mesmo esta primeira fase do Euro-2016 num medíocre 3.º lugar – o que dificilmente se coaduna com o discurso triunfalista de Fernando Santos de Portugal ser um dos principais candidatos à final da competição.
Mas pior mesmo, ao ponto de nos envergonhar a todos, foram aqueles 10 minutos finais do Portugal-Hungria, em que ambas as seleções abdicaram de competir e de lutar pela vitória, limitando-se a um antijogo deplorável, desonroso e desrespeitador do espírito desportivo.
O selecionador Fernando Santos, que fez entrar Danilo ao minuto 81 e deu instruções para a Seleção não avançar no terreno, não teve sequer pejo em defender essa atitude de um pragmatismo medroso e conformado. «Entre um pássaro na mão e dois a voar, eu não sou maluco» ou «No fim, não podíamos insistir, quando já estamos apurados e podemos sofrer golos», justificou-se o selecionador. Vergonha – é o que fica ao ouvirmos este discurso futebolisticamente indecoroso e sem ambição (na altura, recorde-se, bastava um golo a Portugal para ficar em 1.º no grupo e evitar o ‘bloco dos tubarões’ – Alemanha, Espanha, Itália, França e Inglaterra – a que Santos já se resignava…).
Sabe Fernando Santos que mais? Esses patéticos 10 minutos finais de antijogo só trouxeram à memória aquele degradante desafio Alemanha-Áustria no Mundial-1982. Que ficou conhecido para sempre, no mundo do futebol, como o Jogo da Vergonha.