Há uns anos, numa das minhas primeiras intervenções públicas sobre o Simplex não tive problemas em considerar que estávamos perante uma verdadeira revolução silenciosa capaz de contribuir para o desenho dos novos paradigmas que o sector procurava lembrando que a mediação está equiparada à nobre função de provedores do público consumidor como testemunha da autêntica formação das vontades em matéria de transacções imobiliárias.
Estávamos em vias de concretizar o sonho de podermos ter um acesso rápido e directo, via internet, a todas as informações das Conservatórias e das Finanças referentes ao bem imóvel em mediação, graças a uma ferramenta que liberta tempo para outras tarefas como, por exemplo, as inerentes ao esforço de captação de investimento estrangeiro pela via do imobiliário. Como também dizia, o Simplex começava a apetrechar tecnologicamente a democracia. Desmaterializando, eliminando e simplificando milhares de actos notariais e registrais que eram efectivamente inúteis e anquilosantes.
Nessa linha lembro a criação dos balcões Casa Pronta, uma salto que correspondeu a uma efectiva poupança para o público e para os profissionais da mediação, sem a perda da segurança e da fiabilidade que alguns sectores mais conservadores chegaram a agoirar.
É que as modernas tecnologias podem e devem transformar-se em ferramentas que facilitem a vida às populações e aos profissionais do sector, num processo que, no caso dos profissionais, implica a obrigação destes começaram desde logo a assumir maior responsabilidade, num upgrade qualitativo que exige mais e mais permanente formação profissional, bem como uma desejável auto-regulação que também sela esse aumento de responsabilidade.
Este foi aliás o sentido das palavras que recentemente proferi na festa de aniversário do Instituto de Mercados Públicos do Imobiliário e da Construção (IMPIC) – o sexagésimo aniversário da Regulação da Atividade da Construção e do Imobiliário em Portugal (1956-2016) se considerarmos que a Comissão de Inscrição e Classificação dos Empreiteiros de Obras Públicas (CICEOP), criada a 30 de Maio de 1956 é a tetravó do actual IMPIC.
Na ocasião lembrando também que o agora anunciado programa Simplex + que prevê, entre outros novos avanços, maior agilidade na atribuição de licença de mediação imobiliária não pode ser interpretado como proporcionando menor exigências ao exercício da actividade, bem pelo contrário. E lembrando, em coerência, que volta a estar na ordem do dia o salto qualitativo desta actividade que a auto-regulação proporcionará.
*Presidente da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
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