Brexit. Em Glastonbury, o chão é da lama e o céu das bandeiras

“Temos muito mais em comum do que aquilo que nos separa”. A frase que Jo Cox – a deputada trabalhista assassinada a 16 de junho -, proferiu no primeiro discurso no Parlamento britânico tem sido projetada em palco no fim dos concertos em Glastonbury

Um chão forrado de lama e um céu pintado de bandeiras, maioritariamente da União Europeia. É desta forma que os participantes do Glastonbury (Inglaterra) têm demonstrado que, apesar de estarem desde quarta-feira no segundo maior festival ao ar livre do mundo, não estão alheios ao Brexit.

Sofia Costa Nunes, consultora de banca, reside em Londres e está pela primeira vez no festival de que tanto tinha ouvido falar. Ontem, estava a tentar furar através da multidão quando ouviu uma resposta caricata. "Pedi: We just want to go back (Só queremos voltar atrás)". Um inglês respondeu-me: 'Yeah, we just want to go back to European Union too (Pois, nós também só queremos voltar para a União Europeia)". Entre as centenas de bandeiras que já viu, a consultora destaca uma. "Hoje, alguém empunhava uma bandeira do Reino Unido em que estava escrito SOS. É um bocadinho o resumo do que se sente aqui".

Ao i, a portuguesa relatou que os espetáculos – que decorrem em mais de cem palcos -, têm como barulho de fundo conversas sobre o Brexit. E já houve um tributo a Jo Cox, a deputada trabalhista defensora da permanência do Reino Unido na União Europeia morta a 16 de junho.  E alguns espetáculos acabam mesmo com a mais célebre frase da deputada. "No fim dos concertos, tem aparecido a frase 'We have far more in common than that divides us (Temos muito mais em comum do que aquilo que nos separa)". 

Segundo dados oficiais do Glastonbury – que termina amanhã -, são esperados cerca de dois mil espetáculos. Com capacidade para 203.000 espetadores, os bilhetes esgotaram em abril. Já nessa altura, a organização lembrava aos espetadores que o festival deste ano coincidiria com a data do referendo, mas que isso não era motivo para que as pessoas deixassem de votar e "decidissem o futuro".