Na escolha do melhor onze da primeira jornada, Iniesta ficou de fora, apesar de em Espanha ter sido considerado o melhor em campo (foi dele a assistência para a cabeça de Piqué). Os espanhóis não gostaram e pediram explicações. Ronaldo foi eleito apesar do jogo paupérrimo que fez com a Islândia. A Itália também se manifestou: nem um italiano entre os onze. O mesmo acontece com o escolhido em cada um dos jogos para o melhor em campo. O que se passa?
Nos jogos de Portugal, principalmente nos dois últimos, Pepe foi considerado pela crítica como o melhor nos duelos com a Croácia e Polónia. Mas o prémio foi para as mãos de Renato Sanches. Porquê?
A UEFA justificou-se. A escolha é feita por uma plataforma publicitária criada pelo patrocinador SOCAR, uma companhia estatal petrolífera da República do Azerbaijão. E o que tem? É um suporte que trabalha através de estatísticas e funciona por fórmulas matemáticas – ou seja, “pega nos números oficiais dos futebolistas e trata-os através de um algoritmo especialmente desenhado para criar as classificações”. Que tem em conta ainda "a forma dos jogadores antes e durante a fase final". E aqui pode estar parte da explicação. É uma espécie de barómetro do jogador, como lhe chama o organismo que tutela o futebol europeu. E assim, lava as mãos.
Por exemplo, Kevin De Bruyne é o novo líder do barómetro SOCAR, à frente de Dimitri Payet e do colega da Bélgica, Eden Hazard. São estes os melhores do Euro 2016. OK, Renato tem sido dos melhores, foi fundamental contra a Croácia e Polónia – o primeiro com uma arrancada que terminou em golo e no segundo marcou mesmo um (decisivo) golo.
Mas houve (outros) jogadores preponderantes: Quaresma marcou o golo da vitória frente aos croatas, Patrício defendeu um dos penáltis com os polacos e Pepe, o "todo-poderoso" e com um exibição "impressionante e categórica", como é tratado na imprensa, foi essencial nas últimas eliminatória de Portugal. E o algoritmo?
Como funciona
O Barómetro do Jogador do UEFA EURO 2016 acompanha a forma dos jogadores antes e durante a fase final. O Barómetro processa estatísticas oficiais dos jogadores através de um algoritmo especialmente criado para o efeito, que constrói "rankings" baseados nos desempenhos dos futebolistas.
Os dados dos jogadores referentes à fase de qualificação formaram a base para estes "rankings", que levaram em consideração desempenhos ao serviço de clubes e selecções, a partir de 1 de Janeiro de 2016. Isto permite ter uma avaliação única e abrangente da forma dos jogadores no início do UEFA EURO 2016 e, depois do arranque do torneio, o Barómetro acompanhará também o comportamento dos jogadores e identificará quem se está a destacar.
Como o Barómetro funciona como um monitorizador de forma, quanto mais recente o jogo, maior é o peso atribuído aos dados recolhidos, ou seja, as estatísticas dos jogos do dia anterior têm mais importância do que as dos da semana passada. Se um jogador ficar de fora (por lesão ou por opção do treinador), a sua classificação irá cair ao longo desse período de inactividade.