Cinco deveres para o NOS Alive

Arranca hoje a décima edição do NOS Alive

O festival gigante que torna o Passeio Marítimo de Algés numa concentração de melómanos e criançada decorre de hoje a sábado. Estes são os mais obrigatórios dos concertos.

Radiohead

O bom filho a casa torna. A última vez que tinham estado em Portugal havia sido em 2012, no exato local do crime onde agora regressam. O Passeio Marítimo de Algés parece ser o lugar indicado para os Radiohead apresentarem o novíssimo A Moon Shaped Pool, editado em maio deste ano. Edição envolta em grande mistério, já que a banda de Thom Yorke decidiu desaparecer da internet para fazer soar os alarmes e dizer que estava na hora. Aguarda-se, tudo em modo ansioso-quase-histérico, por singles como ‘Burn the Witch’ e ‘Daydreaming’, que já tocam por essas rádios fora faz tempo. Mas os fanáticos não vão perdoar a turma inglesa se não tocar temas icónicos como ‘Creep’, ‘Karma Police’, ‘No Surprises’, ‘Paranoid Android’ – bom, os êxitos são tantos que talvez já estejamos a pedir demais. Toquem o que quiserem, façam-nos felizes. Dia 8, às 22h45.

The Chemical Brothers

O maior erro que parece sempre cometer-se com estes dois é acharmos que o seu prazo de validade já terminou, que já nos deram momentos suficientemente incríveis na vida – aquele concerto na estação do Rossio, em 2007, diz quem lá esteve que é para contar os bisnetos. Tom Rowlands e Ed Simons nunca serão velhos demais, ou até podem vir a ser mas deixemo-los chegar lá pelo seu pé. Até porque Born in the Echoes foi um dos grandes discos que a eletrónica nos ofereceu em 2015 – temas como ‘Go’ e ‘EML Ritual’ provam isso mesmo. É esse menu que esperamos para a atuação no dia 7 de julho, no Palco NOS, pela 01h da manhã. Nunca considerar que estamos preparados.

Tame Impala

Para quem não esteve no Vodafone Paredes de Coura do ano passado esta é uma oportunidade de ouro. Quando por lá aterraram, em agosto, tinham acabado de editar Currents, terceiro registo editado em julho de 2015, e pouco tempo de estrada com essa toada mais estúdio, com o menor psicadelismo que temas como ‘Cause I’m a Man’, ‘The Less I Know The Better’ ou ‘Eventually’ sugerem. A banda de Kevin Parker virou à esquerda, no caminho da acalmia, no já-não-queremos-ser-assim-tão-loucos. E isso, goste-se ou não, é uma opção como outra qualquer, que teremos agora de avaliar no seu formato ao vivo. Tocam às 21h do dia 8 de julho, ou seja, nunca abrir o apetite para Radiohead foi tão bom. E claro, este é o caso perfeito para deixar tudo acontecer, para fechar os olhos e apropriar. ‘Let It Happen’, no fundo.

Courtney Barnett

Não fossem os nomes gigantes, sinal de carreiras longínquas e de fãs amealhados por essa discografia fora, Courtney Barnett podia bem ser um dos concertos de que mais se espera neste NOS Alive. É a estreia da australiana em terreno luso, e isso significa que é a primeira vez que vamos poder ouvir temas como ‘‘Pedestrian at Best’, ‘Kim’s Caravan’, ‘Dead Fox’, entre tantos outros que compõem Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit, um dos grandes discos de 2015, que ninguém duvide disso. É que a veia desprendida, voz cheia de gravilha, atitude punk embora a música seja rock alternativo, de garagem de autor, é panorama algo raro na música atual. É uma intérprete a quem desejamos longa vida, a quem já quase exigimos um segundo disco ainda que se for para ser melhor que o anterior possamos esperar. Esqueçamos apenas o facto de tocar às 19h20, no Palco Heineken, dia 8 de julho. Barnett merecia a noite como moldura e este público que não se confunda. Depois dela é a vez de Carlão, pelas 20h30.

Arcade Fire

Olha, olha, quem está de volta. E agora sim regressam a um lugar onde se podem sentir em casa, onde ninguém pergunta ‘Arcade quem?’, como julgamos ter acontecido no Rock in Rio 2014. A banda do casal Win Butler e Régine Chassagne regressa sem novo disco, Reflektor é de 2013, tudo temas já consumidos nesse tal concerto do Parque da Bela Vista, ainda que convenha dizer que Arcade Fire nunca será em excesso. Até porque estão sempre à vontade para aos clássicos, para passar a mão no pelo de ‘The Suburbs’ (2010) e de ‘Neon Bible’ (2007) ou, em caso de estarem em modo dar tudo, recuar até ‘Funeral’, disco de estreia que tratou de explicar ao mundo que os Arcade Fire seriam indie por muito pouco tempo. Tocam dia 9, no Palco NOS, pelas 22h45.