Somos assim, descrentes por natureza para que qualquer resultado de última hora tenha o sabor dos milagres. Somos assim e não apenas no futebol. O imobiliário não foge à regra. Muitos de nós diziam não acreditar mas no primeiro trimestre do ano transaccionaram-se quase trinta mil alojamentos familiares em Portugal, mais quase 15% do que no primeiro trimestre de 2015 e uma média da ordem dos dez mil imóveis por mês.
Há um ligeiro decréscimo relativamente ao trimestre anterior, o último de 2015, mas é sabido que, habitualmente, os últimos trimestres regista sempre um maior número de transações que os primeiros trimestres do ano seguinte. Comparando o comparável, número de transações de alojamentos familiares nos primeiros três meses de cada ano, verificamos que temos de recuar a 2010 para encontrar valores tão positivos de vendas.
Há, nesta realidade, dinamização do mercado interno, e há investimento estrangeiro, nomeadamente junto dos cidadãos de países europeus como a França ou Inglaterra. Há também ainda alguma descrença face às opções de investimento no sector financeiro, a gerar no imobiliário uma procura alternativa credível e segura. Reconhecendo-se ao sector um enorme potencial de valorização”.
Mesmo falhando penalties ou dando tiros no pé, que é como quem diz alimentando a gula fiscal sobre o património construído, a verdade é que o sector começa a confirmar-se e a afirmar-se como um mercado de referência para o investimento e num quadro de sustentabilidade indispensável a qualquer economia.
Devo recordar que a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) promoveu em Lisboa no mês de Janeiro de 2011, ou seja, em plena crise do subprime, um debate sobre a sustentabilidade dos mercados imobiliários apoiado pela Federação Internacional do Imobiliário (FIABCI) e pela Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa.
Já então, embora ainda com pouco eco, os especialistas estrangeiros que participaram nesse debate de 2011, foram unânimes em considerar que o imobiliário português apresentava-se, interna e externamente, com uma imagem muito positiva, de transparência a confiança. Era a imagem de um mercado imobiliário que resistia aos efeitos da crise internacional do subprime.
Como imodestamente digo, posso recuperar muitas das minhas reflexões sobre esta matéria e confirmar o que sempre disse e agora os números evidenciam – mercado imobiliário português assume-se como um dos pilares da recuperação da nossa Economia, tendo ainda espaço de crescimento, na promoção de melhorias no parque habitacional e, até, na consolidação das economias verdes.
Não é por acaso – repito – que o crédito para a habitação volta a ser negócio para a banca, não é por acaso que as avaliações bancárias de imóveis voltam a subir, não é por acaso que os spreads dos bancos tendem a baixar neste segmento. É a confirmação de um sector que afinal, entre nós, não era nem é tão mau como, alguns, ainda o pintam. Lembrando que o sector, estava protegido de bolhas, quando a crise do subprime se instalou.
*Presidente da CIMLOP – Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa