Cristiano Ronaldo terminou o Euro 2004 em lágrimas e começou a final deste Euro 2016 também a chorar. E foi tão duro como há 12 anos, quando ainda miúdo com 19 anos engoliu em seco a derrota com a Grécia em Lisboa. Agora, em Paris, mal o jogo tinha começado, sofria uma entrada duríssima de Payet que o atirava para fora do jogo. Portugal perdia o seu capitão.
O francês Dimitri Payet, um jogador que até chegar a este Europeu com 29 anos passou despercebido com uma carreira vulgar entre Nantes, Saint-Étienne, Lille, Marselha e West Ham, atirou-se de forma violenta ao joelho esquerdo do português, que ficou caído no relvado, rodeado de uma praga de traças que invadiu o recinto. O estádio ficou em suspense e queria saber o que se passava – foram minutos longos até à substituição definitiva de Ronaldo por Quaresma aos 22 minutos. Ronaldo levantou-se e tentou correr, mas o esgar de dor na cara não lhe saía. Insistiu, mas uma bola mais puxada a exigir-lhe força e corrida fez soar de novo o alarme. Saiu e pôs mais gelo para entrar com uma ligadura. Durou pouco e Payet soube que tinha gano o duelo.
O árbitro inglês Mark Clattenburg nem falta marcou. Payet iria pedir desculpa ao português ainda no relvado, mas o mal estava feito.
Metade do Stade de France respirava de alívio, a outra metade, nas bancadas vestidas com as cores de Portugal, sofriam ao ver o melhor jogador a sair em maca – uma imagem rara na carreira de Ronaldo, o futebolista com mais participações em Europeus (2004, 2008, 2012 e 2016), com mais golos, 9, tantos quanto o recorde Platini.
As redes sociais depressa se encheram de lamentos e suspiros. O galês Gareth Bale, o galês eliminado por Portugal na meia-final e companheiro de CR no Real Madrid classificou de “terrível” o incidente. “Terrível ver o Cris sair assim. Espero que não seja nada grave”, escreveu no Twitter. O antigo futebolista alemão Lothar Matthäus também lamentou. “Que pena para Cristiano e que enorme contratempo para Portugal, cuja tarefa é mais difícil do que nunca”. Também o brasileiro Marcelo disse “Vamos Cris! És grande fizeste tudo o que era possível”. A mãe de Ronaldo, Dolores Aveiro, também não aguentou e foi desabafar. “Eu não posso vê-lo desta forma o meu filho. O jogo é chutar a bola e não ferir o adversário”, escreveu.
Pode ser a maldição dos Ronaldo: em Paris, em Saint-Denis, na final do Mundial de 1998, a França venceu o Brasil por 3-0 num dos piores jogos da carreira de Ronaldo, apático, soube-se mais tarde que tinha tido um ataque epilético durante a noite e insistira para jogar a final.