Perdoemos-lhe o atraso, quem vem de Alvito é assim. Não é que Benjamim seja alentejano, mas por lá se tem refugiado, produzindo discos de um batalhão de gente na música nacional, a sua casa-estúdio parece um lugar de onde só saem coisas bonitos. Por aqui não há penumbra que o proteja. Não que seja preciso, o teclado faz milagres, a guitarra idem, até mesmo as patilhas, que estão lá para cumprir a função estilo que sempre se deseja.
Pena os tropeções iniciais, problemas técnicos que estragam "Tarrafal", uma das faixas mais incríveis do seu "Auto Rádio", último disco que nos sugere travessias pelo interior, de volume a meio porque nem sempre é preciso ir com as janelas completamente abertas. É certo que se o calor apertar é preciso ter cuidado com o ar condicionado, as amigdalites não são propriamente o melhor para começar uma viagem.
E é quando o "Quinito Vai Para a Guerra" que Benjamim tira os óculos escuros, agora já tudo certo, batimentos cardíacos estabilizados e ligações corretas lá vamos nós com o "Auto Rádio" a fazer das suas, sim, que se um rádio está num carro não é uma aparelhagem. E se isto é coisa para ir, com poucas paragens nas estações de serviço, então a geografia importa e este público, ainda que curto e morno mostra que sabe ir à Guiné.
Ainda há tempo para a faixa-título, insistimos portanto, "Auto Rádio", e por isso também Benjamim, é um arranque digno neste primeiro dia do Super Bock Super Rock. Partida, largada.