Operação Marquês faz buscas na PT

“Em causa estão eventuais ligações entre circuitos financeiros investigados neste inquérito e os grupos PT e Espírito Santo”, diz a Procuradoria

A equipa de investigação da Operação Marquês fez buscas à PT, a empresas subsidiárias e a antigos gestores, segundo acaba de anunciar a Procuradoria-Geral da República (PGR)

Segundo o comunicado, as buscas “domiciliárias e não domiciliárias”, realizaram-se ontem “em vários pontos do país, designadamente em instalações de diversas sociedades do grupo PT, em residências de antigos gestores da empresa e num escritório de advogados”.

Foi recolhida “prova complementar àquela que já se encontrava reunida nos autos” da Operação Marquês. Segundo a PGR, “em causa estão eventuais ligações entre circuitos financeiros investigados neste inquérito e os grupos PT e Espírito Santo”. 

Recorde-se que já há alguns meses que existem indícios no processo de que parte dos 23 milhões de euros que se suspeita que Sócrates recebeu como ‘luvas’ no período em que foi primeiro-ministro possam ter sido contrapartida das decisões que o Estado então tomou em relação à PT, enquanto acionista na altura detentor de uma golden share e por via da CGD, também acionista.

No processo, foi já ouvido, por exemplo, Paulo Azevedo, presidente da Sonae, que foi recordar as circunstâncias em que a OPA lançada pelo grupo à PT, em 2006, acabou por falhar, em 2006, tendo na altura a oposição do Estado e dos grupos acionistas liderados por figuras próximas de Sócrates, como Ricardo Salgado (Grupo Espírito Santo).

Mas há mais suspeitas e estão relacionadas com o Brasil.

No âmbito do processo Lava Jato, as autoridades brasileiras pediram no ano passado ao Ministério Público português a cooperação na investigação dos negócios de venda da brasileira Vivo, que pertencia à PT, à espanhola Telefónica, por 7,5 mil milhões de euros, e depois da compra da Oi pela PT, em 2010, por metade desse valor. Suspeita-se que esses negócios foram fechados depois da intervenção de José Sócrates e do então Presidente do Brasil Lula da Silva.

Também o BES esteve na altura envolvido na operação e, no Brasil, aponta-se para ‘luvas’ que poderão ascender a 200 milhões de euros.