Duas em cada três disciplinas do ensino secundário baixaram as médias este ano. Os resultados, divulgados ontem pelo Ministério da Educação (ME), mostram que em 14 dos 22 exames realizados (os dados de Biologia e Geologia são apresentados de forma agregada), as notas foram piores que na primeira fase do ano letivo anterior.
Alemão, Desenho A, Economia A, Espanhol, Filosofia, Francês, Geometria Descritiva A, História A, História B, Latim A, Matemática A, Matemática Aplicada às Ciências Sociais, Português e Português como Língua Não Materna são as disciplinas em que, este ano, os alunos matriculados no ensino secundário ficaram aquém dos resultados alcançados no ano anterior.
No caso dos alunos que se autopropuseram a exame, apenas as disciplinas de Geometria Descritiva A, História A e História B escaparam à descida – mas mesmo com uma melhor prestação face ao ano passado, a média destas disciplinas continua abaixo dos dez valores.
O caso é diferente para os alunos que frequentaram as aulas durante o ano letivo. Apesar de terem revelado este ano uma pior prestação, a verdade é que em todos as disciplinas as médias se mantiveram positivas. Ou seja, em comparação com a primeira fase dos últimos exames nacionais, os alunos “internos” baixaram a média, mas conseguiram que o valor médio ficasse acima dos dez valores em cada uma dessas 14 disciplinas.
O ministério dá nota disso mesmo na avaliação que faz dos exames. Numa nota que acompanha a divulgação dos resultados, o ME destaca que “relativamente aos alunos internos, podemos verificar que as médias das classificações dos vários exames são todas iguais ou superiores a 95 pontos, o que é de salientar”. A tutela refere ainda que “à semelhança dos anos anteriores, os alunos internos obtêm classificações mais elevadas do que as alcançadas pelos alunos autopropostos, com exceção da disciplina de Inglês, com maioria de alunos autopropostos”.
História destrona Ciências Dizer que em todas as disciplinas que registaram descidas se manteve a média positiva é contar apenas metade da história.
Na tabela dos exames em que a média dos alunos internos subiu – Biologia e Geologia, Física e Química A, Geografia A, História da Cultura e das Artes, Inglês, Matemática B e Português para alunos com deficiência auditiva -, os resultados também ficaram todos acima dos dez valores.
Este cenário é quase diametralmente oposto ao dos exames dos alunos autopropostos. Aqui, somando as disciplinas em que a média subiu e aquelas em que a média desceu, os dados do ministério de Tiago Brandão Rodrigues mostram que há 18 áreas de estudo com notas finais abaixo dos dez valores.
Sem grandes (ou quaisquer) surpresas, é a Matemática A a disciplina que ocupa o último lugar da tabela, com uma média final de 68 valores para os alunos externos. Está dois valores acima da média de 2014, mas desceu um valor face ao resultado do ano passado.
No caso dos alunos internos, é no exame de História A que se registam os resultados mais negros: 95 valores (no ano passado tinham sido 107 em 200 possíveis). A disciplina permite que Biologia e Geologia se libertem do último lugar da tabela em que se tinham estabelecido em 2015, com 89 valores.
Este dado não passou despercebido ao ministério de Tiago Brandão Rodrigues. O ME nota “a diminuição da classificação média, em 12 pontos, na disciplina de História A”. Mas há também referência à “subida da classificação média, em 12 pontos, nas disciplinas de Física e Química A e Biologia e Geologia”.
Estranho caso da geometria Tanto tem notas de 20 como zeros redondos. Mas a Geometria Descritiva A destaca-se das restantes disciplinas avaliadas este ano pela dispersão quase homogénea dos resultados.
A quase totalidade dos gráficos mostra uma curva ascendente de exames mais ou menos constante até às notas intermédias (entre 10 e 12) que, depois desse “pico” no número de resultados mais frequentes, dá lugar a uma curva descendente. Os exames de Português e de Literatura Portuguesa são exemplos perfeitos: as colunas do gráfico crescem até ao 10 e voltam a cair a partir daí.
Na Geometria, a configuração é bastante diferente. Exceção para os exames com nota 0, em número bastante mais reduzido que as restantes colunas, quase todas as restantes notas têm um número relativamente constante de casos, de entre as quais se destaca a coluna de casos com nota 19.
Aí, a coluna dispara para perto dos 600 casos, quase o dobro da segunda nota mais atribuída, o 3, para os alunos internos, com cerca de 330 alunos que obtiveram essa classificação no exame nacional.