Aumento das comissões bancárias preocupa reguladores financeiros

Relatório mostra que vários Estados-membros estão  a planear ou já têm legislação para restringir estes custos  

Aumento das comissões bancárias preocupa reguladores financeiros

Em época de juros negativos e em que os bancos pagam para ter dinheiro parado no BCE, uma das estratégias que as instituições financeiras têm adotado para aumentar receitas é carregar nas comissões aplicadas ao clientes.

As associações de consumidores têm vindo a alertar para os encargos excessivos imputados pelos bancos e a questão está agora no topo das prioridades dos supervisores bancários, segundo um relatório da Autoridade Bancária Europeia (EBA na sigla inglesa) divulgado ontem.

De acordo com o Consumer Trends Report, os clientes bancários sentem-se prejudicados com o aumento das comissões e custos dos bancos, além de os acusarem de pouco transparentes, não sendo possível a comparabilidade entre instituições.

O aumento das comissões bancárias tem sido transversal aos bancos europeus, incluindo os portugueses. Com a redução da margem financeira, é na cobrança dessas comissões que os bancos vão buscar uma parte importante da sua receita.  Legislação em marcha

A Autoridade Bancária Europeia lembra que, precisamente por causa disso, alguns Estados-membros estão a planear ou já têm legislação para restringir esses custos, obrigando a contas-base por um custo baixo ou a que uma taxa só possa ser cobrada em troca da prestação de um serviço.

Este relatório fala ainda de outras preocupações, como o endividamento das famílias, muitas vezes devido a práticas de atribuição de crédito prejudiciais aos clientes, por não terem capacidade para assegurar o seu pagamento.  Falta de informação

Também os incentivos remuneratórios dados aos bancários para venderem produtos e serviços é uma das preocupações referidas neste relatório da EBA, considerando-se que há falta de informação quanto aos deveres no aconselhamento de produtos, com funcionários a darem pouca informação ou mesmo errada.

O Consumer Trends Report recorre a contributos das autoridades de supervisão e à opinião de representantes de instituições financeiras europeias, associações de defesa dos consumidores e de utilizadores de serviços financeiros, académicos e representantes de pequenas e médias empresas (PME). Utiliza ainda dados estatísticos para sustentar as análises.