Jamie XX sempre foi um tipo com sucesso em Portugal. Desde o piso de baixo do Lux à invasão dos jardins de Belém, quer em modo The XX quer a solo, isto sempre foi coisa intima, bonita, de celebração. Mas nunca como agora, nunca desde que editou o seu primeiro LP, "In Colour", no ano passado. Já não são apenas os habituais, há gente nova que não pisava estes terrenos antes.
Entra com o cachecol da seleção em riste, apostamos que a primeira faixa é dedicada a Éderzito. O rebuliço no Palco EDP adensa-se, assobia-se, tudo se agarra, uma farra geral. Diga-se contudo que esta pala nunca foi amiga da eletrónica, não é que seja culpa de Jamie, o rapaz faz tudo bem com os pratos, mas tal como SBTRKT na edição do ano passado deste festival, quando a bass sobe, quando o som fica mais grave, tudo treme, num ruído que não é o mais simpático para os nossos tímpanos.
O que vale é que ninguém está para ligar a esses detalhes, está tudo mais interessado em ser o melhor dançarino desta pista de calçada. O inglês continua a mostrar dotes de mestria, tanto é mais tropical, caribe aí vamos nós, como muda de morada para uma lógica mais clubbing nova-iorquina, ou até mais hip-hop ali do lado, de Brooklyn.
Talvez ciente dos problemas da acústica Jamie XX decide ir por um por um caminho mais light, mais divergente, a exigir treino de pés. E toda a gente parece dar-se como satisfeita, estamos todos bem nesta opção de dança.
A bola de espelhos, de um tamanho que um discoteca não suportaria, emite os efeitos visuais necessários para criar o cenário que aqui se quer, floresta de alegria. Com o desenvolver da atuação o inglês vai desenhando uma carga mais introspetiva, menos festiva, mais do nosso agrado, que há que saber que festejar em demasia dá asneira. Não foi um tempo mal passado, nada disso, estaremos sempre bem com Jamie XX, mas em podendo não ter uma pala que distorce a nossa relação ficaríamos mais descansados.
