Quem olhar para a azáfama diária no Grande Bazar de Istambul, o maior mercado tradicional do mundo, com mais de 60 ruas interiores e cinco mil lojas, dificilmente achará que a economia turca está com dificuldades. Um dos espaços mais icónicos da cidade turca recebe diariamente entre 250 mil e 400 mil pessoas que ali vão comprar joias, cerâmica, tapetes ou especiarias, numa vertigem de consumo que os mais distraídos poderiam confundir com vitalidade económica. Mas essa correria é ilusória. O golpe de Estado falhado e a resposta do regime de Erdogan trazem nuvens negras a um país que nos últimos anos cresceu graças a investidores e turistas estrangeiros, que agora estão a fugir.
Na fronteira entre o Ocidente e o Oriente, a Turquia sofreu uma grave crise no início do século. Perante desequilíbrios das contas externas, pediu assistência financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2001, ano em que o PIB caiu 5,3%. A receita prescrita por Washington não foi muito diferente da aplicada noutros países: a maior liberalização das atividades económicas do país estava no programa do FMI.