As autoridades espanholas investigam um autentico cenário de filme de ação: o partido de governo espanhol, o Partido Popular, teria contratado ladrões para roubar documentos incriminatórios que revelariam os seus casos de corrupção do computador do magistrado que investigava esses crimes.
O PP está no centro da investigação policial, em causa está o assalto, há poucos dias, da casa do Fiscal Anticorrupção da região de Murcia, Juan Pablo Lozano. Misteriosamente os ladrões foram muito precisos naquilo que furtaram: apenas o computador em que o magistrado guardava centenas de documentos sobre todos os casos de corrupção que investiga, quase todos relacionados com políticos e dirigentes do Partido Popular. No furto também foram o PIN e o PUK do telefone móvel do magistrado. Os ladrões não manifestaram qualquer interesse nos vários objetos de valor existentes na habitação, nomeadamente joias e dinheiro.
A Polícia Nacional espanhola investiga o caso, e fontes dessa corporação afirmaram ao site do Público espanhol que o modus operandi demonstra estarem perante a ladrões altamente experientes e profissionais. As autoridades não só querem determinar a identidade das pessoas que praticaram o assalto como as ligações dos assaltantes. Todos os documentos roubados só teriam interesse para os implicados nos casos de corrupção investigados. Apesar deste roubo colocar nas mãos dos ladrões informação que a justiça espanhola tem em mãos, o trabalho não liquidou as provas, pois existem, na posse dos magistrados, cópias de segurança de todos esses documentos.
Na desaparição destes documentos estariam eventualmente interessados muitos dos políticos da região: implicados nos casos “Novo Cartago”, que investiga um alegado esquema de corrupção organizado pelo antigo presidente do governo regional Ramón Luis Valcárcel, em que estão implicados vários familiares do antigo governante. Também os implicados no “caso Umbra” que investiga o antigo presidente da câmara de Murcia e os vereadores do urbanismo, e também o “caso César”, centrado no desvio de 18 milhões de euros em obras na região.
O assalto foi feito de uma forma profissional e sistemática nos dias 17 e 18 de julho. Toda a residência foi sistematicamente revistada. Nenhuma joia foi roubada, nem os 200 euros que a família tinha em casa.
Segundo os agentes da Polícia Científica que inspecionaram a moradia, parece que , devido às características altamente profissionais dos ladrões, eles não parecem ter deixado nenhuma pista que permita a sua fácil identificação. Os poucos sinais que os ladrões deixaram indicam que usaram luvas em toda a ação.