Confusão típica de um pós-concerto. A banda reunida, os convidados entram no camarim para saudar os músicos, os jornalistas aglomeram-se para as entrevistas que se seguem. Pelo meio, David Murray, visivelmente cansado depois de, mais uma vez, ter subido ao palco do Castelo de Sines, no âmbito do Festival Músicas do Mundo, comenta para os outros elementos da banda, também no camarim. “Ele tem um bom guitarrista”, referindo-se ao libanês, Imed Alibi, já em palco para o seu concerto. Torna-se inevitável que a conversa com o saxofonista, um dos nomes maiores do jazz, com 175 álbuns lançados, comece por aí.
Está sempre atento ao trabalho dos outros músicos, mesmo que seja no meio da confusão de um backstage?
Tenho de estar, tenho ouvidos! (risos) Quando tocamos num festival temos a oportunidade de ouvir alguma da melhor música do mundo. As pessoas que fazem tournées, sobretudo os que são de países mais longínquos, normalmente são mesmo os melhores, foram escolhidos para representar os seus países e pagam- -lhes para isso. Em cidades como Nova Iorque há músicos a mais, nunca poderíamos ouvir todos. No passado, em Nova Iorque, as pessoas davam cartões-de-visita, agora dão CDs, que fizeram sozinhos.
É uma fase difícil para quem é ou tenta ser músico?
Sim, somos muitos, demasiados.
O seu caso é diferente. Já cá anda há muito tempo.
Sim, mas tive de lutar. Estou nesta indústria há 40 anos, toco desde os nove e ando na estrada a tocar música profissionalmente desde os 13. Tenho 61.