Os cientistas encontraram uma «superbactéria» resistente aos medicamentos nas praias do Rio de Janeiro que vão receber as provas olímpicas e na lagoa onde os atletas de remo e canoagem vão competir nos Jogos Olímpicos. O outro problema é que a maior competição desportiva do planeta começa na próxima sexta-feira.
Os dois estudos ainda por publicar, mas a que a Reuters teve acesso, mostram que num dos locais mais populares e procurados pelos turistas no Rio são os mais afetados pelos micróbios, normalmente encontrados nos hospitais. A preocupação estende-se aos locais onde desaguam os esgotos, também infetados e inseguros.
A superbactéria – que pode originar infeções urinárias, gastrointestinais, pulmonares e na corrente sanguínea, juntamente com meningite – está presente numa das praias da Baía de Guanabara onde as provas de vela e windsurf vão decorrer. As outras praias afetadas são as de Ipanema, Leblon, Botafogo e Flamengo. «Os atletas vão nadar literalmente entre fezes humanas e vão arriscar ficar com todos esses microrganismos.
É triste, mas também alarmante», afirmou o pediatra Daniel Becker ao The New York Times. O outro estudo refere a presença da bactéria também na Lagoa Rodrigo de Freitas, situada no corção do Rio, e num rio que desagua na Báia de Guanabara. O médico Daniel Becker diz que os atletas devem manter o mínimo contacto possível com a água, mas isso é quase impossível. «Devem manter a boca fechada e tentar que a água não entre pela boca ou pelos olhos, mas é difícil… Provavelmente serão contaminados», alerta o brasileiros, ressalvando no entanto que isso «não quer dizer que os atletas vão ficar doentes».
Depois da severa crise económica que afetou o Brasil, da epidemia do Zika (que afastou vários atletas dos Jogos), do processo de impeachment, que terminou em suspensão do mandato de Dilma Rousseff, e de o crime ter disparado no Rio, o que obrigou o governo a um bailout para pagar os salários dos polícias, a Aldeia Olímpica é a última preocupação de um país em crise. Segundo a Folha de São Paulo, 15 dos edifícios ainda não estão prontos, a comitiva da Austrália e da Suécia preferiu ficar em hotéis enquanto os alojamentos não estão a funcionar a 100%, já que em muitos faltam água e luz. «São 640 homens a trabalhar 24 horas por dia.
Não temos vergonha do que aconteceu, mas ficámos muito tristes porque os atletas chegaram e a aldeia ainda não estava toda em ordem. Vamos reagir, resolver todos os problemas e entregar tudo perfeito», afirmou à Globo Mário Andrada, diretor de comunicação do comité. O supercampeão olímpico Usain Bolt já chegou e treinou cidade olímpica, mas ele e a comitiva jamaicana também preferiram ficar num hotel, uma opção mais prática e segura. A distância do hotel até o Centro de Educação Física da Marinha não chega a nove quilómetros: sem trânsito, é um trajeto de dez minutos.