Sindicato do SEF. Presidente tem “provas concretas” de casos anteriores no aeroporto

Acácio Pereira garante que caso de cidadãos argelinos “não foi situação isolada”. Outros passageiros em trânsito por Lisboa quebraram o protoloco de segurança no aeroporto Humberto Delgado.

A invasão de pista do aeroporto de Lisboa "não foi caso isolado". O presidente do sindicato de inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização – SCIF) garante ter "provas concretas" de que, em situações anteriores, passageiros que estavam a passar por Lisboa violaram as regras de segurança para tentar entrar ilegalmente no país.

"Por questões de segurança", Acácio Pereira prefere não falar em casos concretos. "Não me quero alongar, porque isso levar-me-ia a ter de referir-me a rotas e nacionalidades específicas, mas tenho vários relatos que me chegam de inspetores de serviço no aeroporto e que dão conta de situações idênticas", garante o presidente do SCIF.

Este fim-de-semana, quatro cidadãos de nacionalidade argelina invadiram a pista do aeroporto Humberto Delgado. Vinham da Argélia, tinham comprado bilhetes com destino a Cabo Verde mas, ao chegarem a Lisboa, numa escala, interromperam o percurso, quebrando o protocolo de segurança.

Acácio Pereira considera que, com "mais monitorização e melhor acompanhamento", estes casos, podiam ter sido detetados logo à partida. "Quatro pessoas, com idades na casa dos 20 anos, que voam de Argel, passam por Lisboa e vão para Cabo Verde para passar férias? Percebe-se imediatamente que não correspondem ao perfl de típico turista que vá fazer praia em Cabo Verde", refere o responsável do SCIF. "É claro que vinham preparados para fazer alguma coisa" em Lisboa, conclui.

O dirigente sindical admite que é feita "a monitorização possível" destes casos, mas que só um reforço de meios do SEF permitiria acompanhar mais de perto todos os casos suspeitos para as autoridades.

Os quatro homens entraram na pista depois de terem saído do avião que tinha partido de Argel. Ao serem encaminhados para a zona internacional o aeroporto de Lisboa, deixaram os restantes passageiros seguiram o percurso já dentro da insfraestrutura do aeroporto e abriram a porta de emergência que dava acesso à pista.

"Isso nunca devia ter acontecido", defende Acácio Pereira, sublinhando que, além de não ser a primeira vez que tal acontece, nada impede que não se verifiquem novos casos. "Aquelas portas costumavam ter a segurança de elementos da PSP, mas desde que essa posição deixou de ser assegurada pela Policia, passaram a ser assistentes de terra a realizar a abertura de portas", descreve o responsável sindical. "O que essas pessoas fazem é abrir a porta, permitir a passagem dos passageiros, fechar a porta e ir embora", continua. Terá sido nesse momento que os quatro elementos voltaram atrás e invadiram a pista.

Um quinto elemento que tinha embarcado com o grupo também foi detido e, como nunca chegou a pisar solo nacional (porque não avançou pela pista dentro) foi entretanto extraditado para a Argélia. No entanto, com a ida dos quatro elementos a tribunal, considera Acácio Pereira, "abre-se a Caixa de Pandora".