A liga portuguesa só começa na próxima semana e a Supertaça Cândido de Oliveira entre Benfica e SC. Braga joga-se este domingo, mas Arouca e Rio Ave entraram antes em campo para continuar a caminhada europeia rumo à Liga Europa.
Os arouquenses entraram primeiro sob o comando do Professor Neca, já que Lito Vidigal, expulso do jogo da primeira mão da 3.ª eliminatória de acesso aos play-off da Liga Europa diante do Heracles (1-1) – uma estreia europeia para as duas equipas -, ficou a ver a partida na bancada do Estado Municipal de Arouca – que sofreu remodelações para receber a estreia europeia do clube da cidade na sua casa.
“Os jogadores não dependem da minha voz, tomam decisões por eles. O que mais aprecio nos grupos que oriento é ter jogadores que consigam tomar decisões individualmente”, afirmou o técnico do Arouca na antevisão da partida de ontem.
E parece que escutaram bem as palavras do seu treinador. Um empate (0-0) em solo português permitiu à equipa lusitana rumar ao play-off de acesso à Liga Europa – hoje será o sorteio – continuando o sonho de alcançar uma prova que em que nunca esteve.
O apoio dos cerca de mil holandeses fez-se ouvir a maior parte do tempo, mas foi o Arouca, bem organizado, com passes curtos e certeiros, a tomar conta da partida durante os primeiros 45 minutos.
Com poucas chances de golo, Walter González podia ter colocado a equipa da casa a vencer aos 28’, mas o remate saiu por cima. Foi um primeiro aviso do emblema que mais mostrou querer marcar, mesmo que não o tenha conseguido fazer. Se na Holanda foi o Heracles a ser mandão, sempre barrado pelo guardião Bracali, em Portugal, a história foi bem diferente. O quinto classificado do campeonato português estudou bem a lição, embora sem a voz de Lito Vidigal no banco – que pelas suas palavras, não é assim tão necessário.
Só aos 36’ é que a equipa holandesa mostrou um ar da sua graça, mas a defesa arouquense – Gegé e Jubal estiveram muito bem nos 90 minutos – impediu males maiores. Uma primeira parte sem golos davam esperança – ainda que os 19 ataques portugueses contra 16 holandeses davam o favoritismo ao Arouca – para um apuramento inédito.
Mas o sexto classificado da Eredivisie sabia que este resultado nada interessava para as suas ambições. A segunda parte trouxe isso mesmo: aos 50’ Bradley Kuwas só não viu a bola entrar na baliza porque Rafael Bracalli decidiu (mais uma vez, tal como fez na Holanda) fazer uma defesa imperial. Será uma cara que os holandeses nunca irão esquecer. Com mais pressão, o Heracles esteve novamente perto do golo aos 72’, mas a defesa amarela tirou, outra vez, o golo certo.
Nos derradeiros dez minutos da partida, os nervos tomaram conta das cabeças de toda a gente presente no estádio em Aveiro – exceção feita a Lito, qual general tranquilo, que da bancada enviava com os olhos mensagens de serenidade para o seu plantel ansioso – , no entanto, foi o Arouca a criar mais perigo.
Aos 83’ a bola sobrou para Mateus que, do lado direito da defesa holandesa, podia ter feito o primeiro tento do jogo. Valeu o guarda-redes belga, Bram Castro, que fez outra das defesas da tarde.
“Bola para a frente!” gritou provavelmente, em bom holandês, o banco do Heracles, mas a mensagem foi mal recebida: um disparate do meio campo da equipa visitante fez com que a bola fosse ter aos pés de Nuno Valente que, aos 89’, rematou de fora da área para mais uma grande defesa de Castro.
“Não sou eu que escolho o onze, são os jogadores pelo que fazem ao longo da semana. Não valorizo tanto o aspeto individual, somos fortes coletivamente. Este é um grupo solidário e amigo”, afirmou Vidigal na antevisão da partida. Sim senhor, bem sabemos que é ele quem faz as escolhas, mas a sua turma do distrito de Aveiro ouviu bem. Tão bem que fez história e agora espera que hoje pelas 12h00, o sorteio em Nyon, na Suíça, na sede da UEFA, possa trazer um emblema que lhe permita continuar esta aventura a caminho da segunda prova mais importante de clubes europeus.