Irão as seguradoras pagar os danos do incêndio no Andanças?

A dança continua em Castelo de Vide, mas quem irá pagar os estragos ainda não é líquido. As seguradoras esperam pelo final das investigações.

As imagens, desoladoras, falam por si e mostram que o parque de estacionamento do festival Andanças, em Castelo de Vide, se tornou num cemitério de carros. Um cemitério com 422 viaturas. O incêndio que deflagrou na quarta-feira – e que terá começado num dos veículos -, durou pouco mais de uma hora e um quarto. Tempo mais do que suficiente para deixar um rasto destrutivo e, consequentemente, muitas dúvidas dos lesados.

Preocupações legítimas. A dimensão da ocorrência é inédita no país e calcula-se que a resolução do problema não seja assim tão simples. A associação PédeXumbo, promotora do festival, garantiu que o seguro cobre a área do parque mas até serem apuradas as causas do incêndio, as seguradoras dizem que vão aguardar. E a seguradora CA, da Caixa Agrícola, chegou a admitir ontem ao “Expresso” que o seguro de responsabilidade civil contratualizado pela organização do Andanças “pode ou não ser suficiente para cobrir os danos”. Embora não tenha revelado o valor da apólice em causa, fonte da empresa referiu ainda que “o melhor será esperar sem criar alarmismos”. Mais tarde, afirmaram que iam “cumprir com as responsabilidades”.

Seguros pessoais A Associação Portuguesa de Seguradores (APS)  e também a Deco aconselharam todas as pessoas que tenham um seguro de danos próprios que inclua incêndios que façam uso do mesmo. Já os restantes lesados, e caso o contrato entre a seguradora e a organização do festival inclua mesmo parque de estacionamento, também deverão poder contar com a situação resolvida. É uma questão de perceber, portanto, o que está contratualizado.  

De qualquer dos modos, este poderá ser um processo longo. Ainda para mais se se apurar que a culpa do acidente partiu de uma pessoa ou entidade e, nesse caso, já falamos de seguros de responsabilidade. Portanto, é imperativo que cheguem os resultados conclusivos da investigação em curso a cargo da Polícia Judiciária e da GNR para que haja decisões. As as primeiras indicações sugerem, segundo a GNR, que não se tratou de fogo posto. 

O primeiro veículo já foi identificado e a causa provável avançada pelas autoridades recai num problema elétrico nesse mesmo veículo. 

Organização agradece Em comunicado, a associação PédeXumbo lamentou ontem a ocorrência e os danos psicológicos e materiais resultantes, bem como todos os transtornos ainda existentes que afetaram, direta ou indiretamente, todos os participantes e a própria organização”. Mas também agradeceu aos festivaleiros a “forma cívica e consciente como as pessoas se comportaram e colaboraram no processo de evacuação”. 

Para além dos participantes, a associação também as congratulou as autoridades pelo “o esforço e a capacidade de articulação e resposta em uníssono” e ainda a população local. 

“Expressamos também o nosso agradecimento pelo apoio e solidariedade prontamente manifestada por outros parceiros, entidades, fornecedores e população local”, escreveu a direção.  

O Andanças decorre, como previsto, até domingo. Facto que PédeXumbo também reconhece ser possível “pela compreensão e colaboração conjunta de todos os artistas, voluntários e participantes que estão a permitir a continuação do festival”.

Afinal, já diz o ditado: do mal, o menos. Foram só carros.