Quem chegou esta manhã ao aeroporto do Funchal foi recebido por uma aparente normalidade. As dificuldades que alguns aviões tiveram para aterrar nada tiveram a ver com os incêndios, mas sim com os ventos cruzados. É o aeroporto de sempre, mas com menos aviões na pista.
É preciso afastarmo-nos um pouco para ver o fogo que se avistava do ar, quando foi anunciada pelo comandante a aproximação à pista.
Já no táxi, a primeira vez que se sente o cheiro a queimado é na estrada da Boa Nova, na Choupana.
O céu está carregado. Há pessoas nas ruas – ao meio das estradas e à porta das casas – há policias a controlar o trânsito e ambulâncias de prevenção em cada esquina.
No terreno estão já muitos dos meios que vieram nas últimas horas do Continente.
Fogo próximo do estádio do Nacional
O fogo está próximo do Estádio de Futebol do Nacional da Madeira, no cimo da encosta que vem ter à estrada da Boa Nova.
Olhando para cima, o lado esquerdo está todo ardido. Foram as chamas que ontem repetiram várias vezes nas televisões e que destruíram por completo diversas habitações e o cinco estrelas Choupana Hills.
Hoje as chamas estão à direita do Estádio do Nacional. Passaram de um lado para o outro deixando o recinto desportivo intacto.
Assim que se sobe a Estrada do Terço, na direção das chamas – que continua a ser uma das principais frentes ativas desta manhã – fica mais dificil respirar.
E aumentam o numero de casas destruídas. É o caso da José Pereira, de 62 anos. Mora numa casa junto à Estrada do Terço e não contém a emoção. Viu as chamas a um.palmo da sua casa, a destruir portões e tudo o que tinha no quintal.
"Tinha abrandado a quatro horas de chegar aqui, ninguém dizia que o fogo ia descer a encosta", diz lembrando que às 5 da manhã foi avisado por um rapaz que "o lume ia galgar tudo na direção da sua casa."
"Não dormi e estive a noite toda a lutar sozinho, só vi os bombeiros agora de manhã. Acha que ontem valia a pena chamá-los?!", conta ao SOL.