A nova administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) será um caso raro nas principais instituições financeiras em Portugal, no que diz respeito à composição da administração. Haverá apenas uma mulher em 19 elementos, e não terá funções executivas. A antiga secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, manifesta-se “chocada” com este desequilíbrio. E acusa o governo de desrespeitar a legislação bancária, que impõe maior representação do género feminino nas administrações de bancos. A questão torna-se mais estranha quando o próprio governo Costa se comprometeu com a imposição de quotas para mulheres nas administrações das empresas. Nas empresas na órbita do Estado, as quotas deveriam entrar em vigor já em 2018, segundo anunciou a atual secretária de Estado da Igualdade, Catarina Marcelino.
BCP, Santander Totta e BPI não só têm mais mulheres na administração como, pelo menos, um elemento do género feminino nas comissões executivas. A exceção é o Novo Banco, onde há apenas homens, mas esta instituição tem um número de administradores bastante limitado por ser um banco de transição.
Teresa Morais mostra-se revoltada com o excesso de testosterona na gestão da CGD. “É inaceitável, depois do caminho feito nos últimos anos para promover a igualdade. Houve compromissos assumidos pelo Banco de Portugal, pela CMVM e por empresas privadas para se aumentar a representatividade das mulheres nas administrações. E agora é o banco público, que devia ser um exemplo, que aparece com 18 homens e uma mulher? É um retrocesso”, acusa a antiga governante e vice-presidente da bancada parlamentar do PSD.