Numa região com quatro vezes mais turistas do que residentes, os incêndios podem ter um efeito devastador na economia. A Madeira recebeu no ano passado mais de 1,2 milhões de turistas e o histórico mostra que catástrofes naturais provocam uma retração na procura por parte dos visitantes estrangeiros. Em 2010, ano em que violentas enxurradas provocaram dezenas de mortos e um grau de devastação pouco comum, os turistas na região diminuíram cerca de 8%.
As tragédias ambientais na Madeira não são novidade. Há seis anos, uma forte precipitação durante uma noite de fevereiro provocou uma vaga de inundações no Funchal, com uma onda de lama a atingir a cidade madeirense. Morreram 43 pessoas e 1200 ficaram desalojadas.
Na altura, o presidente da Agência Portuguesa de Viagens e Turismo (APAVT), João Passos, admitia que o temporal afetava “muito” o turismo da região, embora sublinhasse também a recuperação “fantástica” imediatamente a seguir.
De acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE), a Madeira captou no ano das enxurradas quase um milhão de turistas nacionais e estrangeiros, o que representou uma redução de 8% face ao ano anterior.
Como o turismo no resto do país aumentou nesse ano, a queda não pode ser desligada desse evento trágico no arquipélago. Um ano mais tarde, a região recuperou e voltou a superar a barreira de um milhão de turistas. E o número tem vindo a aumentar desde então, com uma ligeira interrupção em 2012 – ano em que, curiosamente, também houve cheias devastadoras na Madeira, mas sem as consequências mortais do evento de 2010.
Segundo o Documento Estratégico para o Turismo na Região Autónoma da Madeira 2015-2020, o setor representa cerca de 24% do PIB e mais de 15% do emprego da região. No ano passado, mais de 1,2 milhões de turistas visitaram a ilha, quando a região registou 268 mil habitantes nos Censos de 2011.