A situação em São Pedro do Sul poderia ter sido evitada caso a resposta das autoridades tivesse sido mais pronta, critica o presidente da Câmara Vítor Figueiredo.
“25 a 30 bombeiros para uma frente de 16 km é completamente impossível e isso foi comunicado às autoridades, tinham conhecimento disso e a verdade é que só após termos entrado em contacto com a comunicação social é que começaram a disponibilizar meios para S. Pedro de Sul”, disse ontem à hora de almoço o presidente em declarações à TSF.
Segundo a proteção civil, os meios aéreos estavam prontos a entrar em ação mas a ajuda tardou porque a mancha de fumo tornava “impossíveis” as operações. Facto que Vítor Figueiredo reconhece mas ainda assim acha insuficiente para justificar a resposta tardia. “É pena que já tenha sido tarde porque aquilo que aconteceu era facilmente evitável e realmente agora temos uma grande parte do nosso concelho devastada”, criticava Vítor Figueiredo que falava aos jornalistas da aldeia do Soito, que perdeu 80% da área florestal.
Os meios aéreos acabaram por levantar voo durante a tarde e ao fim do dia o fogo em São Pedro do Sul era combatido por mil homens, 300 meios terrestres e onze aviões e helicópteros. Sem água há 24 horas O fogo em São Pedro do Sul parece nunca mais terminar. “O inferno nunca mais acaba”, lamentavam os populares à TVI. Durante o fim de semana, nas serras daquele concelho de Viseu, foram evacuadas quatro povoações, arderam milhares de hectares e várias aldeias estiveram cercadas pelas chamas.
Ontem, à hora de fecho da edição a população estava sem água há mais de 24 horas. Estas não foram as únicas situações críticas.
No sábado, um sapador florestal do agrupamento de empresas papeleiras AFOCELCA ficou em estado grave enquanto combatia as chamas na serra da Arada. O homem foi transportado de helicóptero para Viseu e posteriormente para Coimbra, onde se encontra internado na unidade de Queimados do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) com “prognóstico muito reservado”.
Ativo há uma semana O fogo que ataca São Pedro do Sul, Viseu, começou há exatamente uma semana em Arouca, Aveiro. Por volta das 21 horas de ontem este continuava a ser um dos dois incêndios de grandes proporções que deflagrava no país segundo a página da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) Proteção Civil. À entrada da noite o incêndio continuava com três frentes ativas e a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, estava no local a acompanhar as operações. Também em Celorico da Beira, distrito da Guarda, outro incêndio causava preocupações junto das autoridades.
Com duas frentes de mato ativas, o fogo que começou ontem por volta das 15h30 na freguesia de Mesquitela era combatido por um meio aéreo, 25 meios terrestres e 86 operacionais. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, as temperaturas baixam já a partir de hoje.
Autoridades e populações esperam que, com elas, se extinga também o inferno dos últimos dias.