Metade dos carros do Estado não tem idade para circular em Lisboa

Cerca de 44% dos carros do Estado têm mais de 16 anos. Se fossem de privados, não poderiam circular na Baixa e na Avenida da Liberdade.

As regras de contenção orçamental dos últimos anos estão a ter efeitos perniciosos na frota automóvel do Estado. Segundo o último relatório da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP), quase metade dos 26 mil veículos do Estado tem mais de 16 anos. Se fossem carros de privados, já não poderiam circular no centro de Lisboa, onde as regras ambientais são mais restritas.

O documento da ESPAP é relativo ao primeiro trimestre deste ano. O organismo, que gere a frota automóvel do Estado, indica que a idade média dos veículos está em 14,7 anos e que a distância média já percorrida pelos veículos atinge 205 mil quilómetros.

Mas, indo ao extremos do parque automóvel, o cenário é ainda mais “vintage”. Cerca de 23% dos carros têm mais de 300 mil quilómetros. E há 44% da frota com mais de 16 anos – o que significa que cerca de 11.600 carros têm matrícula anterior a 2000.

Antes da troika já havia regras apertadas para a aquisição de viaturas novas, e esse esforço manteve-se nos últimos anos. Está ainda em vigor a norma de abate de veículos de “dois por um”: o Estado só pode comprar um novo veículo por cada dois que vão para abate. Assim, a idade média dos veículos tem vindo sempre a aumentar, desde 2010.

A ESPAP justifica esta evolução do parque automóvel com as restrições orçamentais. “Como consequência das medidas de austeridade, a política de aquisição de veículos novos e renovação da frota não tem sido a suficiente para reduzir a idade média do Parque de Veículos do Estado”.

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